WEB ARTISTA de ABRIL:

MURIEL FREGA / ARGENTINA

1- Curriculum Resumido:

Nace en Buenos Aires el 1 de febrero de 1972.

Estudió en las Escuelas de Bellas Artes "Manuel Belgrano" y "Prilidiano
Pueyrredón", especializándose en litografía en un curso de post grado.

Participa en convocatorias de Arte Correo; salones y muestras de Ex-libris,
Grabado y Dibujo,incorporando técnicas digitales e interactivas desde 1997.
trabaja como ilustradora free lance.

2- Visite o trabalho de Muriel Frega que é objeto de nossa análise:

Dos de Copas (Dois de Copas)

Requisitos del sistema:
Shockwave player
audio

Descripción:
Este proyecto es un simple juego, basado en el 2 de Copas de la baraja
Española, con algo de influencia circense.
Creado en el año 2002, pertenece a una serie de cartas eróticas, concebidas
como grabados (xilografías). Por ésta razón la gráfica posee una influencia
xilográfica.

Cómo jugar:
Se puede elejir el número de la carta clickeando sobre el mismo, cambiar el
color y la forma de la copa, desde el menú situado en la izquierda, y dar
vuelta la posición de los malabaristas clikeando en la flecha naranja, a la
derecha. Para salir, clickear en la flecha de salida.
El signo de interrogación es una ayuda dentro del juego, en Español e
Inglés.

A URL de Muriel Frega é também um endereço muito interessante de se visitar:

URL de Muriel Frega


RESNHA COLABORATIVA

DOS de Copas / (DOIS de Copas)

Por Muriel Frega

1- Uma Estrutura em Permanente Desequilíbrio

Por Regina Célia Pinto

"Pois quando eu te vejo eu desejo o teu desejo..."

Logo que acessamos o Dos de Copas que está no Museu do Essencial e do Além Disso temos a visão de um computador antigo (Power Mac Performa 6300 / 160a.k.a. Performa 6360) com algumas indicações técnicas (1). Todavia, o que de pronto chama nossa atenção é um casal de bonecos amantes nus, lendo (?) um livro em primeiro plano. Que livro?... Não se sabe, mas os bonecos são facilmente identificados e com certeza fazem parte da infância da menina
Muriel. Quando o mouse toca os dois amantes, para surpresa nossa eles se tranformam numa outra imagem de computador, com mais indicações técnicas. Da leitura mais ou menos atenta dos dois amantes não há explicações...

Depois o nosso olhar se desvia para outros pontos da página e atinge finalmente as duas taças que são os elementos que desencadeiam o jogo que foi criado em agosto de 2001. A taça da esquerda inicia o jogo: O amor é um jogo?

Trata-se de uma carta de baralho: o 2 de copas, onde o 2 de copas é representado por um casal de amantes animado e envolvido na mais antiga
brincadeira do mundo. A designer Muriel com muita competência aproveitou-se da simetria inversa presente nas cartas de um baralho para construir os amantes. Sendo que, ao mesmo tempo em que se ama, o casal pratica
malabarismos com taças, a moda dos malabaristas de circo. O número de taças
pode ser ampliado se clicarmos nos numerais das cartas. Assim, o casal pode chegar a se amar e jogar quatro taças ao mesmo tempo. Do lado esquerdo da tela estão quatro diferentes tipos de taças. O jogador também pode escolher
com qual delas quer jogar.

Existem também algumas setas, à direita, embaixo, que quando clicadas, alternam a posição dos amantes, o que está embaixo fica em cima e o que está em cima fica em baixo, isso tudo, sem parar com os malabarismos! Divertido!
;-)

"Quero ficar no teu corpo como tatuagem
Que é pra te dar coragem
Pra seguir viagem


Quando a noite vem...

Quero brincar no teu corpo feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina


Quando a noite vem"

(Tatuagem, fragmento - Ruy Guerra e Chico Buarque)

Esse jogo de Muriel Frega, com tão poucos elementos consegue dizer muito
sobre o relacionamento entre homem e mulher e revela com muito senso de
humor que " O amor é a única estrutura em permanente desequilíbrio."

Ele me remete também à Lygia Clark (1920/1988), conhecida artista
brasileira, que também trabalhou com o corpo / Eros e Thanatos, a partir dos
anos 60, abrindo, com certeza, o caminho para a argentina Muriel, nascida em 1972.

Lygia Clark elaborou a "Roupa Corpo Roupa", uma série de vestimentas que procuravam estabelecer um contacto entre os sexos através da descoberta do homem na mulher e vice-versa. A primeira, a que chamou "Eu e Tu", consistia
em duas roupas ligadas por um cordão umbilical. Ao abrir os fechos da roupa do parceiro o homem e a mulher encontravam cheios de surpresa o seu próprio corpo no corpo do parceiro.

As roupas elaboradas por Lygia tinham função oposta da habitual, em vez de
cobrir e proteger o corpo, serviam para "desvendá-lo". O corpo transformado
em rosto / máscara imposta pela sociedade. A consciência individual. As roupas são como que um mediador entre sociedade e natureza. Com elas, as imposições sociais do Eu cedem lugar à natureza reprimida. O indivíduo como
ser social dá lugar a um ser anônimo. Escondido na "Roupa Corpo Roupa", ele escapa das determinações do grupo. A barreira de plástico grosso encoraja o toque e torna o indivíduo disponível para manter contacto com
outras forças, normalmente contidas, especialmente aquelas sempre
encontradas no relacionamento homem / mulher, as forças contraditórias do Amor e da Morte. Eros e Thanatos.

Temendo este depois da vida que não é mais vida, que é Morte, os súditos de nossa sociedade passam a temer a morte e a aceitar a vida que lhes é imposta. E se transformam em seres incapazes de oferecer suas vidas a si
mesmos, incapazes de correr o risco de morrer. Incapazes de viver, pois não querer morrer e não querer viver são a mesma coisa. Incapazes de viver, pois só há um meio de não morrer: já estar morto. (2)

Comparar os trabalhos de Lygia Clark e Muriel Frega é observar um pouco o
relacionamento masculino / feminino na Arte através do tempo. Julguei interessante mostrar isso para vocês.

Para finalizar gostaria de recomendar também que visitassem o novíssimo trabalho de uma outra excelente artista que também faz parte de nossa lista:

Annie Abrahams - http://www.bram.org/pain .
Lá vocês encontrarão um trabalho muito poético e entre outras coisas também bastante envolvido com o relacionamento masculino e feminino. Tenho certeza que, assim como eu,
passarão muito tempo se divertindo com ele.

Notas:


1. Esse trabalho foi preparado por Muriel Frega para o sótão do Museu do Essencial e do Além Disso e por isso tem essa introdução com o computador.
2. RODRIGUES, José Carlos. "O tabu da morte". Rio de Janeiro, Achiamé, 1983, p. 283.

 

Dos de Copas / Two of Copas // Roles, Sex & Tech (español, aunque parezca mentira)

Por Dante Smirnoff

Lo curioso de este 2 de copas es cómo dos imágenes diferentes se complementan para hablar de un mismo tema y, al tiempo, de otros asuntos no enunciados. Como en el binomio de Duchamp La Mariée.../ Étant Donnés, cada una de ellas complementa a la otra. La evidente asociación sexo-juego me parece más perversa y reveladora en la que parece más inocente: Barbie y Ken desnudos leyendo una revista encima de un PC.

El gran éxito de la muñeca Barbie se asienta en una inversión de papeles: la muñeca ya no representa la hija ficticia de la niña, sino a la niña misma como proyecto. No es depositaria de cuidados, sino un modelo de vida cuidadosamente articulado a través de sus complementos, que son en realidad la gramática fundamental del 'discurso' Barbie... el propio Ken no es sino otro complemento más. Uno de los ejes más persistentes de este discurso es su componente marcadamente sexual. Su modelo antropométrico correspondería al de una muchacha en pleno desarrollo, con sus extrañas proporciones ni de niña ni de mujer. Cualquiera que conviva con niñas de esa edad conoce la sopa sexual que cuecen en esa etapa.

Volviendo a Ken, el hombre-objeto Ken, insisto en que no es más que otro complemento de la niña-proyecto Barbie. Un complemento evidentemente sexual (el novio, un novio duchampiano perpetuamente célibe). Todas las versiones hackeadas de la muñeca que he visto fallan en lo mismo: tratan de convertirla en una especie de zorra satánica, de devolverla a la categoría de mujer-objeto. No han advertido que lo más perturbador del uiverso Barbie es precisamente ese consolador sonriente y sumiso que atiende al nombre de Ken.

Muriel Frega pone todo eso a la vista: B y K desnudos, compartiendo la lectura de una revista. Si algo conocemos a la pareja, sabemos quién ha elegido la lectura. No importa qué estén leyendo, sino que, sea lo que sea, lo hacen para el placer de ella. Así la lectura adquiere un componente sexual: un prolegómeno.

Por otra parte, el decorado aporta un nuevo sentido a la palabra tecnofilia. Convierte al PC en un simbólico tálamo nupcial. No es una apreciación arriesgada en absoluto: una parte importante de los bits que circulan de PC a PC a través de Internet son de contenido sexual, hasta el punto de que para muchos Internet y pornografía son casi sinónimos, y objeto de muchas histerias.

...Y también en el sentido tradicional hay un cierto componente tecnófilo en esta doble pieza que, si no la interpreto mal, tal vez la lastra un poco. De hecho me parece más reveladora la parte low-tech (los muñecos) que el juego de naipes, aunque también contiene claves lúdico-eróticas interesantes.

Digo que el juego de naipes es menos perturbador porque alude al strip-poker, que es un juego adulto. La simetría sí otorga un régimen de igualdad a los dos amantes, lo mismo que la rotación de posiciones (el clásico intercambio 'ahora tú arriba'). El alcohol, representado por la multitud de copas cambiantes, es el afrodisíaco por excelencia, y los números... ¿indican el número de 'asaltos'? (o de partidas, por no salir del campo semántico: o de polvos, hablando claro).

Esta pieza es más elaborada, pero también más descriptiva, menos alusiva, menos misteriosa. Sin embargo, la yuxtaposición de ambas resulta enriquecedora para las dos. Ofrece un doble punto de vista sobre un mismo tema (una visión estereoscópica, que aporta profundidad): la aparente inocencia con bomba de los muñecos versus la inocencia real, por lo explícito, de los naipes.

Muriel Frega abre aquí un tema que podría completarse: las distintas relaciones del sexo con el juego a través de las etapas de desarrollo del individuo, a través de las culturas, a través de las religiones...

Una obra abierta, en definitiva, que sugiere argumentos interesantes

 

3- Comentário e conclusão

Por Regina Célia Pinto

Gostaria de adicionar os parágrafos abaixo à resenha colaborativa baseada no
"Dos de Copas" de Muriel Frega. Penso que complementam a resenha de Smirnoff e a minha.

Marcel Mauss, na comunicação sobre as "técnicas do corpo", afirma o valor crucial de um estudo rigoroso sobre o fato de cada sociedade impor ao indivíduo um uso deliberadamente determinado do corpo. O pensador estabelece
que é através da educação que as crianças são exercitadas, aprendendo a dominar reflexos, inibindo-se-lhes os medos e selecionando-se-lhes os gestos. Para o eminente antropólogo a educação física de todas as idades e
dos dois sexos está repleta de pormenores que precisam ser bem observados. [1] Beauvoir escreveu: - Ninguém nasce mulher, torna-se mulher. Gostaria de completar: -Ninguém nasce homem, torna-se homem.

Qual homem? Qual mulher? Isso depende da sociedade e do tempo que estamos ou estivemos observando.

E quanto ao homem e a mulher que convivem hoje no ciberespaço?... Escondidos na anonimidade dos chats via Internet, os internautas podem interpretar múltiplos papéis... Nos mundos simulados em 3D, "avatares" passeiam despreocupadamente, podendo viver a própria vida como um romance ou fazer dela uma obra de arte ou a encenação da violência e do autoritarismo.

Nós tornamos estreito o intervalo entre o mundo da fantasia e o da realidade. [. . .].a fronteira não é mais real.

E o pós-humano? Segundo Haraway, "o cyborg aflora uma dimensão política ao localizar nas mulheres uma aptidão maior para lidar com as inovações da cybercultura, Elas estão mais acostumadas ao pequeno, ao doméstico - a casa será o novo locus do trabalho - mas principalmente escapam aos vícios da dominação masculina, seu individualismo, sua hegemonia, sua egolatria."[2]

É preferível ser um cyborg ou ser uma deusa?... Ou o melhor do jogo / na relação homem-mulher está no que nos revela o bem-humorado "Dos de Copas"
de Muriel Frega: "uma estrutura em permanente desequilíbrio" ?

Contudo, Hayles ( "How we Became Posthuman, Virtual Bodies in CybernetcsLiterature and Informatics" -1999) afirma que, no outono do sujeito liberal humanista, começa a despertar o sujeito pós-humano,"um amálgama, uma coleção
de componentes heterogêneos, uma entidade material - informacional cujas fronteiras estão submetidas à contínua construção e reconstrução." Será isso para melhor ou para pior?... a transformação em pós-humano aniquilará osujeito? A ação e a vontade individuais serão possíveis no futuro? Haverá um
self para ser reconhecido? (p.281)" [3} Todavia, pressupõe-se que ainda existirá um corpo, nesse caso como será ele? Continuará como o conhecemos agora: masculino e feminino? Ou, pensando em Baudrillard e na clonagem, o
corpo será um só? Nesse caso: masculino ou feminino? Estaríamos no limiar da sobrevivência infinita do semelhante - a "morte de Thanatos"?... E quanto a Eros?...

[1] MAUSS, Marcel apud LÉVI-STRAUSS, Claude. Ensaio sobre a dádiva.
Introdução de Claude Lévi-Strauss. Lisboa, Edições Setenta, 1988, p.11.

[2], [3} SANTOS, Jair Ferreira dos. Breve, o Pós-Humano. Rio de Janeiro, Livraria
Francisco Alves Editora, 2003, p. 63, p.73.

 
Desenho de Paulo Villela

NOTAS:

[1] MAUSS, Marcel apud LÉVI-STRAUSS, Claude. Ensaio sobre a dádiva. Introdução de Claude Lévi-Strauss. Lisboa, Edições Setenta, 1988, p.11.

[2], [3] SANTOS, Jair Ferreira dos. Breve, o Pós-Humano. Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves Editora, 2003, p. 63, p.73.

 


4- Resenha: Outra opinião

Por Joesér Alvarez

No trabalho de Muriel, ao mirarmos as imagens despidas de roupa e emoção, pode-se perceber um voyeurismo explícito e pornográfico muito mais do que erótico: alegorias dos corpos de plástico, da sexualidade mecânica. As pistas: a música ritmada, o puro roçar de sexos, a cópula simulada. O que os números sugerem? Uma variação em torno do próprio eixo das mínimas possibilidades? O jogo envolve dinheiro?


Se isso nos diz alguma coisa, diz principalmente do reconhecermo-nos em algum desses momentos, homem / mulher, papéis socialmente constituídos. Em breves momentos do Dois de Copas, ao fixarmos o centro do duo, parece haver duas vaginas: mulher / mulher: homossexualismo - papel também socialmente constituído, gêneros, mas nunca assumido como tal, negado pela afirmação de uma certa natureza, de um olhar, o da razão capitalista, olhar fálico e que tudo penetra e quer devorar - olhar da razão ocidental.


O que antes é o erótico da prática mais antiga, celebrizado pelo cinema e pelos romances: a cópula sobre a mesa, entre as louças ou sobre a escrivaninha, entre papéis e livros, transpõe para a insipidez da máquina, no trabalho de Muriel, uma transgressão dupla: a sugestão da sexualidade nos objetos da infância e a simulação da sexualidade maquínica. Eros ou Pornos? Sugestão ou simulação? Até onde o limite? As imagens são um convite à reflexão.


O trabalho de Muriel, remete também à uma obra que participou da mostra E.M.O.Ç.Ã.O. A.R.T.I.F.C.I.A.L.,no ITAÚ Cultural, onde dois andróides projetados tridimensionalmente numa sala escura, copulam mecânica e ritmadamente (ao som de Uhs! e Ahs!), mudando de posição à medida em que o espectador toca o mouse, numa metamorfose ad infinitum indo da pele mecânica à pele humana.


Não sei se os corpos pós-humanos terão essa aparência maquínica (é difícil pensar que alguma coisa feita pelo homem seja mais assustadora e mais virótica do que a própria espécie) mas evidentemente muitos dessa espécie pré / pós-humana, compactuam do mesmo ritmo sugerido nessas obras com a mesma falta de emoção que o trabalho de Muriel parece sugerir como alegoria - nunca a pornografia esteve tão em evidência, assim como a razão capitalista jamais esteve tão latente em nossa incapacidade de enxergar nossos corpos como interfaces de um mesmo programa, peças de um mesmo jogo, que muitas vezes, simplesmente se movem.


DEPOIS DA CONCLUSÃO
rr

Dante Smirnoff, Joesér Alvarez e Regina Célia Pinto fazem uma análise do trabalho Dos de Copas, de Muriel Frega, que esgota o assunto. Nada posso acrescentar, apenas concordar e salientar o forte apelo gráfico, instigante, que resulta saboroso e divertido para o observador.


5- Comentário de
Paulo Villela