|  | Regina 
      Célia Pinto  
        "Jour après jour sans exception, je vais consigner les événements 
          de ma vie par ordre chronologique. Chaque jour, le compte rendu 
          de la veille: un miroir des événements, un examen de conscience, 
          la détermination des principes premiers de mon existence, un 
          projet pour le lendemain." [MALINOWSKI, 
          Bronislaw (1985). Journal d'ethnographe. Paris, Éditions du Sèuil.]
 
 "A cidade real reflete as dificuldades do fazer arte e as circunstâncias 
          contraditórias do mundo em que se faz." 
          [ARGAN, Giulio Carlo (1993). A história da arte como história 
          da cidade. São Paulo, Martins Fontes.]
 
  "A formação de uma nova sensibilidade, uma 
          completa reeducação dos sentidos do citadino, acompanha 
          o equacionamento da sociedade." [BRESCIANI, 
          Maria Stella (1994). A cidade das multidões, a cidade aterrorizada, 
          In: Robert Moses Pechman (org). Olhares sobre a cidade. Rio de Janeiro, 
          Editora da UFRJ.}
 Introdução: Metáfora 
        meio que inventada ... ("a mentira não está no discurso, 
        mas nas coisas.") 
 
 Conta-se que na última noite de Ano Novo, um adivinho, questionado 
        sobre a identidade desta nossa São Sebastião do Rio de Janeiro, 
        dissera:  Vejo duas cidades: uma de terra, outra de água.
 Imagem do Rio, eu também, decido esclarecer este oráculo 
        pós-moderno. Então, acompanhada de minha câmera, em 
        algumas manhãs saio por aí, etnógrafa artistaciclista 
        ( "contra o vento!" ), recolhendo fragmentos, imagens e sentimentos, 
        num trabalho de campo metodologicamente malinowskiano.
 De tarde registro neste diário mínimo, metodicamente, tudo 
        o que vi e senti pela manhã. Ensaio relatar minhas vivências 
        numa crônica assim meio científica, misto de balanço 
        de vida e exame de consciência, tentativa de reencontrar aquela 
        meio perdida tensão que me impulsionava para adiante, sempre mais 
        adiante, mais adiante!
 Sábado, 22 - 07 - 1995
 
 Manhã de inverno. Céu de azul claro lavado pela chuvarada 
        que caiu ontem. As águas da lagoa refletem montanhas e prédios 
        e nuvens. Águas e reflexos e espelhos. A cidade se contempla. Relembro 
        Narciso e Eco . Mudo o itinerário. Dirijo-me ao Jardim Botânico.
 
 Fotografias. 
        Água e terra. Entre o arvoredo observo as duas esculturas que estiveram 
        tanto tempo separadas: Narciso, à moda de Caetano, ainda continuará a "achar 
        feio o que não é espelho ?"
 
 Eco morrerá eternamente de amor-or-or-or-or-or ?
 
 (Abrir 
        parêntese) Tanto Eco como Narciso foram criação de Mestre Valentim, 
        que contribuiu para o embelezamento da cidade do Rio de Janeiro no século 
        XVIII. Ambas têm inspiração na escultura grega. Conta 
        o escritor Antonio Callado que Eco e Narciso estiveram até 1856 
        no alto do Chafariz das Marrecas, quando este foi destruído. Desde 
        então foram recolhidos , junto com algumas das marrecas, ao Jardim 
        Botânico (RJ). Foi do escritor a idéia para reunir os dois 
        mitos novamente. Para isso foram providenciadas réplicas da estátuas, 
        visto que os originais estavam em mau estado de conservação. 
        Atualmente eles se encontram em destaque no Jardim Botânico (RJ), 
        bem no alto de um chafariz semelhante ao antigo de onde foram retirados.
 (Fechar Parêntese)
 Desafio a mim mesma. Como estabelecer uma relação entre 
        água, terra, Narciso, Eco e o Rio de Janeiro ?
 Água, terra, esculturas. Um fiozinho de neon azul dolorido se instala 
        de repente. Saudade. Muita. Da mestra, da artista, da ouso-dizer amiga 
        Celeida. Celeida Tostes, a escultora carioca. Onde estarão agora 
        sua energia e luz ? Quem sabe no Parque Lage ? Pedalo até lá. 
        Quando estou quase chegando, decido subir primeiro a Maria Angélica. 
        De uns tempos para cá peguei essa mania a de passar de vez 
        em quando pelo prédio onde a artista morou. Faço um jogo 
        comigo mesma. Imagino que ela está lá dentro e que se eu 
        tocar a campainha vai atender com o seu jeito descontraído / tímido 
        e que vamos conversar e que ela vai me mostrar mais uma vez como olhar 
        as flores ou então me revelar seus planos para o futuro. Um futuro 
        que já está aqui e no qual os planos se transformaram em 
        sonhos. Realidade. Dura às vezes. Quase sempre ? ...
 Sigo para o Parque Lage. Volto no tempo.
 Parque Lage, 1990
 Entro na Escola de Artes Visuais. É a exposição "Tempo 
        de Trabalho". Emocionante retrospectiva da artista Celeida Tostes 
        ( que ainda não conheço pessoalmente). Fotografo a muito 
        especial "Aldeia Funarius Rufus".
 É formada por casas de joão-de-barro que foram dispostas 
        sobre uma superfície plana e seguem a orientação 
        de uma espiral ou das primeiras curvas que a formam.
 As quarenta e cinco unidades que formam o conjunto possuem uma abertura, 
        que parecem a entrada de uma pequena caverna. Algumas destas fendas deixam 
        perceber a existência de objetos que me parecem ovos. Outras estão 
        vazias.
  
 Oficina 
        Integrada De Cerâmica , UFRJ, 1992 Celeida 
        me conta: "A aldeia foi uma lembrança da fazenda. Lá 
        tínhamos uma vida muito próxima da Natureza. Eu via o joão-de-barro, 
        macho e fêmea construindo juntos sua casa, criando seus filhotes. 
        Ela surgiu quando um amigo geólogo, ao voltar de um trabalho em 
        Macuco, trouxe de presente para mim uma casa de joão-de-barro. 
        Olhei para a casa e ela me lembrou uma caverna, um útero. Comecei 
        a fazer interferências.Estabeleci uma relação com uma aldeia Xavante, da beira 
        do Rio das Mortes, construí uma aldeia com 45 casas desse pássaro. 
        Ora, quatro e cinco são nove, volta ao mesmo sentido, o nove ou 
        o seis. A casa de joão-de-barro  o início de uma espiral. 
        O seis é a idéia do ovo. O lugar de iniciação, 
        a casa de iniciação da aldeia Xavante, corresponde ao lugar 
        do ovo, é um centro. Então esse espaço da espiral, 
        é o espaço de vida."
 Domingo, 23 - 07 - 1995
 Percorro um de meus espaços de vida  num domingo ensolarado 
        constato que a orla do Rio é um espaço pulsante e vivo  
        onde as pessoas se encontram. A convivência é algo próprio 
        do ser humano.
 Artista / atleta, inauguro a nova ciclovia do Forte e termino indo até 
        o Leme. Posso ver duas cidades: a dos arranha-céus que narcisicamente 
        observam o mar  espelho defronte a eles e a do Morro Chapéu 
        Mangueira, que também contempla o mar e do qual Celeida me contava 
        histórias: de Dona Henriqueta, de Dona Augustinha, que conheci 
        na universidade, da oficina no Morro  surgida depois de um já 
        famoso escorregão no barro.
 "A Associação Amigos do Chapéu Mangueira é 
        uma comunidade de Zona Sul que se foi formando, pouco a pouco, na parte 
        alta do bairro do Leme. Limita com a Zona Militar. Seus muitos caminhos 
        podem conduzir, do alto do morro, ao extremo do calçadão 
        do Leme.
 Casas esparsas foram se multiplicando até ocuparem uma área 
        considerável, ao ponto de se desdobrarem nessa área duas 
        comunidades: à esquerda de quem sobe a Ladeira Ari Barroso, fica 
        o morro da Babilônia; à direita, o Morro da Associação 
        amigos do Chapéu Mangueira. Esse desenvolvimento deu-se em torno 
        de 60 anos. Já em 1927 consta um óbito dando o local como 
        referência de moradia.
 A média de idade dos moradores varia entre 20 e 40 anos e a população 
        é de cerca de 2300 habitantes.
 A comunidade trabalha nas áreas comuns em sistema de mutirão. 
        Também assim foram realizados o Galpão de Arte,
 um forno de lenha para cerâmica, a recuperação da 
        escola (maternal e jardim) e a construção de um Posto Médico, 
        incluindo Clínica Odontológica com proposta de amplo atendimento 
        às crianças.
 A área onde se expandiu o Chapéu Mangueira tem ainda boa 
        presença de verde com flores e plantas nativas e dispõe 
        de espaço aberto com terra." Tostes (1986)
 A 
        MUSIQUINHA FUNK INSISTE NO MEU "WALKMAN" . A SIMPLICIDADE DAS 
        RIMAS OU A VOZ DO CANTOR, DE UMA CERTA FORMA, ME EMOCIONAM. 
 Estabeleço 
        vínculos. Agora são Celeida e Dona Henriqueta que dançam 
        numa festa junina no morro. É Dona Henriqueta que diz;  "Isso 
        é que é vida".A tal felicidade: "nonada, asa de borboleta".
 Posto 
        Seis, Verão / 1966 Eram os homens puxando o arrastão. A praia toda correu para ver. 
        Prata que brilhava ao sol ! Tão lindo que chegava a doer os olhos. 
        Alguns conseguiam se livrar. Estes batiam nas minhas pernas, na ânsia 
        de liberdade.
 Pulavam cheios de vida e medo ! Depois, jaziam na areia. A vida se fora. 
        Os homens trocavam a vida por dinheiro.
 Só eu estava triste. Pensava na beleza do momento que passara, 
        na inutilidade de lutar contra a morte, na beleza prateada que fora destruída.
 As ondas tratavam de carregar os restos. O que antes cortava esguiamente 
        a água, agora se deixava carregar pesadamente.
 A vida se fora ! A vida se fora ! Se fora ! Se fora ! Ora ! Ora ! Ora 
        !
 Eco? Narciso?
 
 Hospital Samaritano (RJ), 27 - 12 - 1994
 Vou até Celeida que continua resistindo valentemente à ferocidade 
        da doença. Apenas entro no quarto repleto de flores, dou-lhe um 
        beijo e saio. Sou recebida com muito carinho mas as visitas estão 
        proibidas e, além disso, não teria coragem de ficar e conversar. 
        Temo revelar minha imensa tristeza. Sinto que é uma despedida.
 Poucos dias depois, antes de morrer, a artista revelaria a uma amiga : 
        "É muito duro estar lúcida numa hora como essa 
        !"
 (Abrir parêntese)
 Então lembro mais uma vez o "Quem somos?, De onde viemos?, 
        Para onde vamos?" Frágil é ser humano, finíssima 
        linha esticada entre a vida e a morte.
 Memórias. Um amigo me conta a sua concepção de morte: 
        imagine um mundo que é uma linha reta. O ser que o habita só 
        conhece uma dimensão: o comprimento. Sua maior aventura é 
        caminhar de uma ponta a outra deste fio. Se, uma força qualquer 
        o põe num mundo que é um plano, tudo é novidade para 
        ele. Do mesmo modo nós, que experimentamos diariamente a tridimensionalidade, 
        somos surpreendidos quando a morte nos torna compreensível uma 
        outra dimensão.
 Desta narrativa surgiu-me a idéia de morte como enigma a ser decifrado. 
        Muito mais acolhedora do que aquela materialista que comumente me desesperava 
        e que a trata como limite ou vazio.
 "Nas concepções religiosas da vida, a morte sempre 
        constitui uma experência limite, um mistério último, 
        aquela dimensão de finitude que impõe ao ser uma necessidade 
        de sentido, o anseio de sua perpetuação, o desejo de se 
        reencontrar com a natureza e com os valores do divino." Subirats 
        (1989)
 A arte tem sempre como um de seus sentidos o anseio de perpetuação 
        provocado pela fragilidade e transitoriedade do ser humano. A arte de 
        Celeida, sem dúvida alguma também o tem.
 Contudo, a obra de um artista pode ser observada de vários ângulos 
        e uma decifração não anula outra. Somos todos abrangentes 
        e complexos. Compreender realmente a arte implica em pura atividade de 
        tecer os múltiplos fios que a constituem, na tentativa de obter 
        uma urdidura capaz de ser aceita como realidade.
 Henri Stahl, na roda de conversa "Revivendo Celeida", que tive 
        ocasião de promover na Livraria Boucherie Letras & Livros (RJ), 
        em maio de 95, afirmou estar sua obra estreitamente ligada à idéia 
        de morte. Para este Autor na vida da artista sempre esteve presente esta 
        sombra sufocante,em virtude da morte prematura de alguns entes queridos. 
        Assim, a experiência / performance intitulada "Passagem" 
        (1979) e realizada pouco antes de Celeida ter conhecimento da doença 
        que a levaria para uma outra dimensão (03 - 01 - 95) se relacionaria 
        com todos estes fatos e também intuitivamente com o seu próprio 
        falecimento.
 Concordo com ele mas faço algumas ponderações visto 
        que existem muitos tipos de morte, entre eles o "morrer de amor". 
        Assim, considero que a idéia de morte presente na obra de Celeida 
        estava completamente amalgamada ao seu contrário  a idéia 
        de vida, de nascimento ou renascimento; de sua condição 
        de mulher, numa época onde ocorriam profundas mudanças nos 
        papéis dos gêneros masculino e feminino .
 A mente humana tem realizado tramas mais ou menos complexas para explicar 
        ou suavizar a idéia de morte. Todavia, apesar de toda a sua realidade 
        de destino único e comum a todos os viventes, o sentido dela continua 
        sendo um mistério cujo conhecimento é privilégio 
        dos que já partiram.
 Sendo que a maior parte do tempo passamos tão preocupados com o 
        medo de morrer (isto é inevitável diante da violência 
        que atinge as grandes cidades modernas, entre elas o Rio de Janeiro) que 
        esquecemos de viver, isto é, nos condenamos à morte estando 
        vivos. E aí mais uma vez aprendemos com Celeida, esta que vivia 
        intensa e generosamente, mesmo condenada à morte precocemente, 
        por isso sua obra geminiana respira vitalidade e finitude; desassombro 
        e medo: mais do que nunca é preciso viver hoje.
 (Fechar parêntese)
 Sábado, 29 - 07 - 95
 
 Amanheço com o sol no Arpoador. Apesar de inverno, um dia esfuziante. 
        Água clara, muitos peixes. Nado. Estou cheia de coragem. Neste 
        momento me sinto parte do Universo. O contato com a Natureza me faz esquecer 
        temporariamente que sou uma especialista em castelos de areia. E mais 
        uma vez me faço a pergunta que a maioria dos artistas cariocas 
        se faz atualmente, com insistência:
  
        Qual o sentido de se fazer Arte, hoje, no Rio de Janeiro? Sento na areia quente. Na claridade da manhã surge estranha imagem: 
        uma vendedora de "kangas" extremamente coloridas. São 
        tantas as "kangas" com que a mulher se envolve que só 
        se vê o seu rosto e um chapéu de palha. É um quadro 
        vivo que caminha em minha direção.
 Bem, pode ser que eu tenha estado esquecendo que a arte é surpreendente 
        e aparece nos lugares mais inesperados. Então, lembro também, 
        porque sempre as freqüento, das casas de sucos que espalham suas 
        delícias pela cidade e onde podemos observar com interesse a estética 
        divertida da arrumação feita com laranjas, morangos, abacaxis, 
        tangerinas, mangas, melões, abacates, ...
 Arte é a minha vida, dizia Celeida.
 (Abrir 
        Parêntese) Bourdieu (1989) faz considerações sobre o poder simbólico 
        e estabelece comparações entre estética e sociologia 
        para explicar o que é arte, o que é artista. Ele mostra 
        como no final do século passado surge a pintura moderna, contrária 
        à instituição acadêmica e a convencional, comenta 
        o desabamento das estruturas sociais do aparelho acadêmico (ateliers, 
        salões, etc) e das estruturas mentais que lhe estavam associadas. 
        Isto, segundo ele, foi consequência de um trabalho de conversão 
        coletiva, necessário para criar o mundo novo, de que nosso olhar 
        é produto. O Autor sugere que o excesso de produtores de arte fora 
        e depois contra a instituição da Academia , que detinha 
        todo o capital simbólico, ocasionou condições propícias 
        para favorecer o sucesso do modo de pensar e do estilo de vida característicos 
        dos artistas modernos.
 Sobre a crise em que se encontra a Arte hoje, pelo menos no Rio de Janeiro, 
        muito os artistas têm discutido, seja entre eles mesmos, oficiosamente; 
        seja em reuniões instituídas oficialmente. Sem concluir 
        efetivamente nada.
 Constato que coincidentemente com o texto de Bourdieu há hoje um 
        número excessivo de produtores de arte em nossa cidade. Quanto 
        a este "novo olhar" que é dito produto daquele mundo 
        novo estudado pelo sociólogo considero, embora mais de um século 
        depois, ainda privilégio de poucos, pelo menos no Brasil. Pelo 
        contacto com pessoas de diferentes níveis sociais tenho percebido 
        que a maioria entende, gosta e dá valor apenas à pintura 
        ou à arte narrativa, chegando no máximo a aceitar o impressionismo. 
        Contudo, o que as instituições oficiais valorizam simbolicamente 
        é a arte contemporânea, que não corresponde absolutamente 
        ao gosto da maioria. Há então um grande desnível 
        entre público e instituição. E, mesmo dentro da arte 
        contemporânea nem sempre é claro, pelo menos para mim que 
        penso possuir um olhar de vanguarda, perceber quais são os critérios 
        para que alguém diga isto é arte ou este é um artista. 
        A esse respeito, Hans Haacke (1995), artista alemão que vive em 
        New York, narra curiosa situação ocorrida num simpósio 
        entre Philippe de Montebello, diretor do Metropolitan e o crítico 
        Michel Brenson do New York Times . Este último havia escrito um 
        artigo onde propunha repensar a questão da avaliação 
        dos critérios de qualidade a propósito de obras produzidas 
        por artistas que até então estavam fora do circuito tradicional 
        da cultura ocidental. O esteta do Metropolitan não abdicou absolutamente 
        de sua idéia de que devia haver um critério absoluto. Brenson 
        perdeu seu emprego após este fato.
 No caso especial do Rio de Janeiro, é preocupante como a algumas 
        tendências artísticas, têm sido sistematicamente negado 
        o seu valor simbólico, sendo então excluídas de qualquer 
        exposição mais importante. Realmente aqui tudo está 
        muito confuso, às vezes me parecendo até uma Academia às 
        avessas - não se atribui valor ao que é bom dentro de um 
        universo, mas ao que é melhor dentro de um determinado grupo.
 A verdade é que ao artista que só possui capital simbólico 
        (às vezes nem isso!) e precisa de poder econômico para sustentar 
        toda a roda-viva (mídia & Cia Ltda) necessária para 
        tornar sua obra conhecida e ansiada pelo público, resta recorrer 
        ao mecenato e aos patrocínios que além de difíceis 
        de serem conseguidos introduzem uma forma sutil de dominação 
        porque têm a cumplicidade daqueles que se submetem a ela.
 Ajudaria muito se o Estado percebesse que tanto como a Ciência a 
        Arte precisa de seu patrocínio efetivo e respeito para sobreviver.
 A explicação que encontro para esses desencontros, sugerida 
        mais uma vez por Bourdieu (1989) , é a de estarmos em meio a um 
        processo histórico no decurso do qual estejam se estabelecendo 
        condições sociais capazes de dar origem a uma nova estética 
        que torne possível um novo campo de produção relativamente 
        autônomo e muito mais eficiente que o atual. Neste caso estou considerando 
        como campo de produção não só os artistas 
        como também os críticos, curadores, mídia, etc.
 Se é assim, porque o futuro não pode ser hoje? Tenho certeza 
        que algumas dessas situações ambíguas poderiam ser 
        esclarecidas, se todos se decidissem a isso.
 Navegar é preciso , sonhar também é preciso!
 (Fechar parêntese)
 Pedalando no real
 Volto para casa. Na Vieira Souto, um grupo de rapazes atravessa correndo 
        na frente dos carros e da minha bicicleta. Os carros buzinam e freiam. 
        Os rapazes fingem utilizar metralhadoras contra os carros. Sinto medo.
 Revejo mentalmente as imagens da televisão que correram mundo. 
        "Arrastão". Violência e criatividade. Sem querer 
        assobio o "só quero é ser feliz... feliz, feliz, feliz, 
        feliz"...
 Eco: Pá rá rá rá rá , pá rá 
        rá rá rá rá !
 Chego finalmente ao prédio onde moro - grades. Não toco 
        a campainha. Assobio para chamar a atenção do porteiro. 
        De alguma forma isto me faz sentir mais livre e com menos medo.
 (Racionalizo: O fato é que na cidade moderna, o valor do indivíduo 
        cada vez se reduz mais. A cidade que anteriormente era o lugar da segurança, 
        torna-se o lugar do desespero, da solidão, da luta pela sobrevivência. 
        Por isso, Celeida construiu um gigantesco muro de estrume.)
 A artista convidou todos, sem exclusão de camada social, para um 
        banquete ritual, para o comer junto, para o trabalhar junto. "O Muro", 
        ao mesmo tempo que impedia a passagem e denunciava a situação 
        angustiante da cidade moderna, aumentava o espaço social de cada 
        um pelo fato de ter sido construído ritualmente, de mutirão. 
        Ele representa bem o aspecto tribal da arte de Celeida, sendo que o fenômeno 
        do tribalismo nas sociedades contemporâneas vem sendo estudado pelos 
        sociólogos, entre eles Michel Maffesolli (1987) , como uma possível 
        resposta à situação de perda e solidão vivida 
        pelo ser humano atualmente nas grandes cidades, onde a cultura de massa 
        e o individualismo são dominantes.
 Domingo, 30 - 07 - 1995
 Saio cedo de casa. Tenho um projeto que me entusiasma: fotografar muros 
        brancos e buracos negros, modesta tentativa estética de decifração 
        do tempo em que vivo, inspirada por Celeida e pelo texto de Deleuze e 
        Guattari (1980).
 Faço peregrinações pelas ruas vizinhas da Lagoa. 
        No alto da Baroneza de Poconé encontro magníficos muros 
        e buracos. Também em Ipanema e na Pedra do Arpoador. Começo 
        a diversificar o conceito de muro ...
 
 Termino na praia onde após alguns mergulhos, constato mais uma 
        vez o meu privilégio de morar na zona sul da "melhor cidade 
        da América do Sul" e poder desfrutar desse inverno e dessa 
        cultura tropicais.
 Antes de voltar para casa, faço um castelo de areia e o fotografo 
        antes de ser destruído pelas ondas. Uma pequena garantia de que 
        suas torres esguias ficarão para sempre.
 Segunda- 
        feira, 31 - 07 - 1995 A tarde passo toda preparando "rostos". É que revelei 
        as fotos da véspera pela manhã. Coloco as imagens no computador, 
        misturo detalhes, faço a impressão sobre a tela preparada 
        com acrílico ou sobre o papel argilado. Em seguida dou volume e 
        endureço com cera de abelha e pigmento (encáustica). Ao 
        secar a cera crio relevos com uma lâmina. Estética legitimamente 
        teckné. O aspecto final é completamente inesperado e, quem 
        não sabe, nem imagina que foi utilizado o computador.
 Estou feliz, feliz, feliz...
 Trabalho no meu mais novo projeto - um museu do homem na virada do século:
 Mistura de "Asa de Borboleta"
 e "Pinguim na Arrebentação"
 CORTA!
 "Acreditamos que na criação de um novo estilo esconde-se 
        a única e sublime possibilidade de tornar a vida suportável."
 
  
        Domingo, 13 / 08 / 1995
 Em alguns domingos gosto de olhar a chamada "Feira Hippie" de 
        Ipanema, na Praça General Osório. Misturo-me aos turistas 
        e observo. Hoje fui de bicicleta. E, preguiçosa demais para prendê-la 
        a um poste, passeava entre as barracas, conduzindo-a desmontada. Parei 
        para observar umas pinturas. A moça, com uma câmera fotográfica 
        bateu no meu ombro e pediu para tirar uma foto para uma reportagem sobre 
        Ipanema que sairia na revista Manchete . Consenti. Depois desse fato, 
        se ainda me restavam dúvidas, confirmei:
 Sou uma imagem do Rio.
 E, contraditoriamente como a cidade:
 ECO 
        NARCISO ECO NARCISO ECO NARCISO ECO NARCISO ECO VIVENDO JUNTOS NUM DESACORDO ÍNTIMO
 Um 
        projeto "argiloso" "... mão que trabalha tem necessidade da exata mistura da 
        terra e água para bem compreender o que é uma mistura capaz 
        de forma, uma substância capaz de vida."
 Como formar uma substância capaz de vida com estas vivências 
        que reuni e assim clarear o enigma da água, da terra e desta minha 
        mui querida sem porquê São Sebastião do Rio de Janeiro?
 "Tal como o historiador que recolhe sua história na história" 
        , no sábado 19 de agosto / 95 fujo na hora do almoço, do 
        curso de dia inteiro sobre a Internet que faço na PUC-RJ para visitar 
        o "Triângulo Celeida Tostes", parte do projeto "Esculturas 
        Urbanas", desenvolvido pela Secretaria Municipal de Cultura e que 
        seria inaugurado às 11:00 no Parque da Cidade / Gávea, RJ. 
        Chegando lá atrasada, fim de festa! Perdi os discursos, se é 
        que eles aconteceram. Vejo o que gostaria de ver sempre em todos os parques 
        e recantos de nossa cidade: crianças, argila, oficinas! Dona Augustinha 
        e Katia Gorini , peritas na arte de misturar terra e água, "chefiam" 
        a confecção das pequenas peças de argila que aos 
        poucos vão virando oferendas junto aos trabalhos da artista.
 Simples e sincera homenagem que sei que a emocionaria muito.
 Logicamente reparo na beleza do conjunto de esculturas. Fotografias. Fico 
        satisfeita de ver o Estado assumir seu papel de provedor da Arte.
 
 (Abrir parêntese)
 Minha satisfação duraria exatamente até 03-01-96, 
        quando por ocasião do aniversário do falecimento da artista 
        decidi encontrá-la simbolicamente no Parque da Cidade. Tipo matar 
        as saudades. Mas, o jardim de esculturas estava devastado! Capim alto. 
        Folhas espalhando-se por todo lado. Uma touceira de lama ao redor de cada 
        escultura. Desolação. Porém o pior de tudo havia 
        acontecido com os bastões : dois deles estavam caídos e 
        quebrados, deixando perceber que eram ocos e revelar que com sua estrutura 
        de jornal fora um erro terem sido colocados ao ar livre . Fotografei tudo, 
        pensando em enviar para os jornais e tornar público o abandono. 
        Um barulhinho no capim e uma pequenina rã pula sobre o bastão 
        caído próximo do pequeno córrego alienado e rumorejante 
        que passa por ali. O pequenino animal fica me fitando. Tento fotografá-lo 
        mas não tenho uma lente apropriada. Misticamente penso (pois relembro 
        da prova que a artista fez para professor titular da UFRJ e do marimbondo 
        que insistiu em ficar pousado na tela enquanto ela explicava a pesquisa 
        realizada na oficina sobre esses insetos e suas construções 
        de argila) , seria um aviso de Celeida? Um dicionário de símbolos 
        me diz que a rã representa a transição entre os elementos 
        terra e água e que este animal foi um dos principais seres associados 
        à idéia de criação e ressurreição.
 "Os sonhos que viveram em uma alma continuam a viver em suas obras."
 
 (Fechar parêntese)
 Posso perceber claramente a força com que a arte de Celeida se 
        integra com a Natureza. Isso porque após a morte da mãe, 
        com um ano de idade, foi levada para a Fazenda de Campo Alegre, no interior 
        do estado do Rio de Janeiro. Lá, nadando no açude, pisando 
        na terra, mexendo no barro, observando as plantas e os animais, a artista 
        aprendeu a torná-la seu destino ou antidestino íntimo e, 
        por causa disso, pôde nos presentear com seus devaneios formais.
 Sua arte restitui ininterruptamente a faculdade de maravilhar-nos, seja 
        pela escala inusitada ou pela multiplicidade de formas que se repetem, 
        seja por ser feita com os elementos básicos da vida: água, 
        terra e fogo; unindo assim o natural e o tecnológico. Sabe-se que 
        na "Aldeia Funarius Rufus", por exemplo, a artista experimentou 
        a saliva de diversas pessoas para alcançar a tecnologia do joão-de-barro 
        e, ao mesmo tempo, queimou a casa do pássaro, constatando que a 
        troca não dava certo e tendo então afirmado: _ Cada um na 
        sua! Numa clara demonstração de aceitação 
        da importância da tecnologia humana na cidade atual. Realmente não 
        podemos ignorar tudo de bom que as cidades nos têm trazido. A cidade, 
        o espaço público, embora muitas vezes pareçam o contrário, 
        são e devem continuar sendo territórios de confraternização, 
        de religamento . E para isso muito pode contribuir a tecnologia, se usada 
        na justa medida e em contraponto com a natureza. Para Henri Lefebvre (1994), 
        em nossa hipercompetitiva sociedade regida pelo dinheiro, o nosso olhar 
        é desviado dos elementos dinâmicos, das potencialidades, 
        daquilo em que o quadro atual se pode transformar.
 Voltando ao caso específico do Rio de Janeiro, metaforicamente 
        imaginamos duas cidades ocupando o mesmo território: Rio / Eco 
        e Rio / Narciso.
 A primeira, cidade "terra-a-terra" (que ocupa os morros 
        e a periferia), apaixonada pela segunda ou pelo que esta possui, tenta 
        chamar sua atenção, com "arrastões", muitos 
        tiros e violência. É a cidade dos excluídos, cujo 
        desejo é o da igualdade. Parece que, à maneira da ninfa 
        Eco, repete sem cessar : _ Eu estou aqui! Aqui! Aqui! Aqui!
 Inútil.
 A segunda, "Narciso / beira-mar", finge nada ouvir. Apenas 
        se contempla eternamente nos muitos espelhos de suas águas, apaixonada 
        por si mesma, por sua Natureza luxuriante e, também, é claro, 
        por seus celulares, Mercedes, Malboros. Seu sonho é a diferença 
        - por isso está sempre em busca do novo. É a cidade que 
        vê crianças dormindo na rua e consegue assim mesmo dormir 
        tranqüilamente. Cerca-se de grades e arma esquemas de segurança 
        cada vez mais sofisticados. Uma cidadela do medo:
 " Uma horda de pobres investindo contra os mais ricos, rompendo 
        barreiras, pilhando, devastando, impondo suas leis. Seria isso o século 
        XXI ?"
 É preciso dizer que há gente decente nas duas cidades, porém 
        vive-se um impasse. Tanto é difícil aceitar o olhar indiferente 
        quanto o olhar selvagem pois os dois olhares se desviam dos elementos 
        dinâmicos e das próprias potencialidades. Mas, no dizer dos 
        filósofos, o mito de Narciso pode ter vários sentidos. Então...
 "Narciso vai, pois, à fonte secreta, no fundo dos bosques. 
        Só ali sente que é naturalmente duplo; estende os braços, 
        mergulha as mãos na direção de sua própria 
        imagem, fala à sua própria voz. Eco não é 
        uma ninfa distante. Ela vive na cavidade da fonte. Eco está incessantemente 
        com Narciso. Ela é ele. Tem a voz dele. Tem seu rosto. Ele não 
        a ouve num grito. Ouve-a num murmúrio, como o murmúrio de 
        sua voz sedutora, de sua voz de sedutor. Diante das águas Narciso 
        tem a revelação de sua identidade e de sua dualidade..."
 A contemplação de Narciso está quase fatalmente ligada 
        a uma esperança. Meditando sobre sua beleza, Narciso medita sobre 
        o seu porvir."
 Assim, também o Rio de Janeiro atual pode ser um imenso Narciso 
        ocupado no ato de se pensar. E, onde ele se pensaria melhor do que em 
        sua fonte secreta  esta sua criatividade que surge espontaneamente 
        em cada dobra de esquina ou quebrada de morro. Porém, contraditoriamente 
        ele ainda se esquiva de acreditar nela, menosprezando-a, seja através 
        do pouco caso que faz da Arte, impondo dificuldades e indiferença 
        aos seus processos e produtos, seja por não valorizar a educação 
        artística. O poder da arte, que é muito mais um dos significados 
        da palavra em alemão  ajuda, fica por enquanto esquecido. 
        Enquanto isso a cidade continua dupla.
 Foi dobrando, desdobrando, amassando, sovando, misturando a terra e a 
        água, que Celeida descobriu não só o seu caminho, 
        como também sua identidade e sua autenticidade. Uma arte sensível, 
        sensual porque nascida da matéria. Um transbordamento do ser que 
        timidamente se resguardava quando como por exemplo lhe era solicitada 
        uma história de vida. E, ao mesmo tempo, generosamente se oferecia 
        a todos , como quando me emocionou profundamente, indo assistir à 
        minha defesa de dissertação de tese de mestrado , enfraquecida 
        e a dois meses de seu falecimento. Ela só foi porque sabia o quanto 
        isto me era importante.
 Contudo, o verdadeiro mundo da artista, aquele que ela procurava guardar 
        nos seus escaninhos mais secretos, escapava-lhe e fluia apenas em seus 
        trabalhos. Este, sem dúvida, um dos motivos de sua excelência: 
        neles ela estava integralmente.
 A "Aldeia Funarius Rufus", por exemplo, projetada a partir do 
        urbanismo em espiral de aldeia Xavante situada às margens do Rio 
        das Mortes, mostra como a artista se impressionou com esta vida que se 
        desenvolve em espiral ao lado desta água pesada e sombria, transmitindo 
        estranhos e fúnebres murmúrios. Todo poeta que sonhe à 
        beira de águas como essas, reviverá imagens submersas, reencontrando 
        possivelmente seus mortos.
 Celeida provavelmente reencontrou-os e reencontrou-se também mas 
        logo deve ter fixado sua atenção na espiral . Este elemento 
        geométrico que se desdobra de dobra em dobra é um símbolo 
        do percurso do ser humano neste mundo. A existência deve consistir 
        numa série de aumentos, o que corresponde a uma espiral que se 
        desenvolve de dentro para fora. Todos que conheceram a artista devem lembrar 
        da energia com que ela se desdobrava mesmo tendo a sombra da morte ao 
        seu lado.
 Uma das múltiplas leituras que se pode fazer da aldeia é 
        a de que ela oferece um plano "argiloso" para este nosso Rio 
        de Janeiro cuja espiral de vida aumenta substancialmente carregada de 
        dor humana. Um aumento às avessas portanto. Provavelmente uma espiral 
        que se desenvolve de fora para dentro. Logo deve ser travada e direcionada 
        no rumo certo. Como fazê-lo?
 Bem, afinal o espelho em que o Rio se contempla não é um 
        "rio das mortes", é um oceano onde na maior parte do 
        tempo há muita claridade e luminosidade. E é sob este sol 
        que banha nossa cultura tropical que devemos procurar ver claramente os 
        elementos dinâmicos capazes de introduzir nela a sensibilidade em 
        espiral da aldeia-ovo. Ovo de Colombo, que misturando terra e água, 
        nos proporcione tanto auto-conhecimento quanto aceitação 
        da alteridade, possibilitando então a articulação 
        de políticas de igualdade com as políticas de identidade. 
        Essa esperança pode ser simbolizada na pequenina muiraquitã, 
        a rãzinha esverdeada com que Celeida me presenteou no aniversário 
        de sua morte: tenho muita fé que seja um amuleto anfíbio 
        de criação e ressurreição de nossa cidade, 
        com força capaz de torná-la uma cidade de "argila" 
        .
 As esculturas de Narciso e Eco também nos fazem crer na possibilidade 
        de mudança e nos trazem mais esperança pois, assim como 
        na lenda, tendo estado separadas por muito tempo, foram reunidas finalmente 
        no esplendoroso Jardim Botânico.
 
 Dirão os descrentes:
 -Vagos indícios da Ursa Maior!
 "Na verdade, o destino dos homens está nas suas próprias 
        mãos. É um pouco assim na cidade do Rio de Janeiro, talvez 
        a mais bela do mundo, todos os espaços são possíveis. 
        E é isso que é interessante alcançar: o possível 
        naquilo que parece inevitável."
 
 UM BEIJO PARA CELEIDA QUE SEMPRE ALCANÇOU O IMPOSSÍVEL NAQUILO 
        QUE PARECIA INEVITÁVEL .
 Leblon,07/01/1996
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