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WEB
ARTISTA de Maio:
MARCELO
FRAZÃO / BRASIL
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Português
/ Espanhol:
1- BIO
E INFORMAÇÕES:
Mestre
em Ciência da Arte UFF. Graduado e Pós-Graduado pela Escola
de Belas Artes da UJRJ. Foi o responsável pela implantação
da oficina de Litografia na Escolinha de Arte do Brasil, onde lecionou
e coordenou o Núcleo de Gravura (xilo, lito e metal) de 94 a
97. Atualmente leciona Gravura na Escola de Belas Artes (UFRJ) e no
Bennett - RJ. Participa ativamente de
mostras e coletivas individuais no Brasil e no Exterior, recebendo diversas
premiações. Presente na 13ª Xylon (Trienal Internacional
de Gravura-Suíça) e
na Mostra Rio Gravura. Foi curador da extinta Galeria do SESC Copacabana
de
96 a 2000. Desde 1999 ocupa-se da direção do ATELIER VILLA
OLÍVIA.
2- TRABALHO:
No meu
trabalho o desenho se materializa através da forma. Foi deste
modo, através de experiências, que cheguei a uma maneira
pessoal de representar minhas emoções e percepção
do mundo. Deste modo, simplificando a forma,
chegando ao seu mínimo e por vezes à abstração,
dou a ela um novo sentido, sentido este que cada observador decodifica
de acordo com sua percepção do mundo. Assim, minha idéia
se transforma em novas idéias, novas sensações.
Isto se manifesta tanto no meu trabalho analógico quanto digital.
Na verdade Eros e Thanatos só vieram a ficar juntos nos meus
trabalhos a partir de 2002, na éopca em que estava fazendo o
Mestrado. Antes era apenas Eros. E acredito que Eros é realmente
o começo pois é a vida. Thanatos é o fim ou o renascer
(dependo da visão como cada um vê a morte)
Sempre
gostei muito de arte erótica e literatura também, mas
sempre tive receio de trazer esta temática para meu trabalho.
Assim em 1995 (só
escrevendo e datando as coisas é que me dou conta que já
se passaram quase dez anos!) resolvi que iria fazer uma série
de gravuras eróticas e que seriam coloridas, na época
estava muito entusiasmado em desenhar com o Paint
Brush, e resolvi fazer os estudos destas gravuras utilizando este programinha.
Na verdade algumas gravuras que fiz a partir desta data saíram
de estudos feitos no computador. Os estudos serviam de base para a feitura
das gravuras e não para a transferência da linguagem do
computador para a matriz, ou seja, não havia o transporte do
estudo para a matriz e sim uma interpretação.
Este violoncelo,
de um álbum publicado em 94 foi na verdade meu primeiro experimento
desta série.
A partir
daí preparei a série que a princípio chamei de
eróticos sublimados, pois eram formas que permitiam uma interpretação
erótica ou não da imagem. Pode ser que nesta época
já houvesse uma ligação não consciente de
Eros e
Thanatos, ou Eros e a religião. Sei que isto foi despertado em
mim pelas cartas de Santa Teresa D´ Ávila.
Os esboços
prontos ficaram arquivados por um bom tempo. Só voltei a trabalhar
nelas na época de uma expo do grupo OUANARTE. Peguei as imagens
originais e as transformei em mapas com leituras de duplo sentido. Estes
trabalhos foram gerados e realizados 100% no computador. É a
série de cartografias (Caderno de Cartografia / https://archive.the-next.eliterature.org/museum-of-the-essential/museu/cartografias/)
que estão no Museu do Essencial e Além Disso.
Mais tarde estes mesmos croquis acabaram virando uma série de
gravuras em metal (12) que resultou no livro ERÓTICA, em parceria
com o poeta Armando Freitas Filho.
Eros surgiu
desta maneira e continuou no meu trabalho até a época
do Mestrado quando comecei a pesquisar a morte (Thanatos). Descobri
que existe uma estreita relação entre eles - uma sutil
relação, é fácil entender mas
muito complexa para ser explicada em poucas linhas. A esta série
dei o nome de Réquiem.
Este é
o detalhe de um dos trabalhos da série Réquiem realizada
com imagens digitalizadas (que deram origem a gravuras), tempera, encáustica
e folha de ouro.
Meus últimos
trabalhos desta temática são: a série que estou
trabalhando (pinturas, livros de artista, esculturas) para uma mostra
individual e
outra,(Seven Demons Got Out) em conjunto com Regina Célia Pinto
e Paulo Villela para o MEAD (Museu do Essencial e Além Disso
/ https://archive.the-next.eliterature.org/museum-of-the-essential/pecadoscapitais/
).
Minha idéia
foi trabalhar um tema fechado, no caso os 7 pecados e dar uma unidade.
Já que
nossas linguagens são bem distintas, sugeri que fossem vistos
pelo lado erótico - que para mim é uma das molas propulsoras
da humanidade,
principalmente quando estamos falando de pecado. Depois de algumas idéias
e "ensaios" acabei realizando uma série de fotos com
objetos do cotidiano e mãos - que acho uma parte muito erótica
do corpo humano - que manuseiam
estes objetos. AS mãos, neste caso sugerem formas eróticas
como o sexo feminino na avareza
(https://archive.the-next.eliterature.org/museum-of-the-essential/erotica/avareza/avareza.html),
a sombra das mãos na luxúria (https://archive.the-next.eliterature.org/museum-of-the-essentiali/erotica/luxuria/luxuria.html )
e fechada na forma de um anus na ira (https://archive.the-next.eliterature.org/museum-of-the-essential/erotica/ira/ira.html/
) .
Bom pelo
menos foi o que minha lente captou, pode ser que o olhar de outros tenha
uma outra leitura. Isto não é um problema, Eros e
Thanatos se manifestam de maneira diferente dentro de cada um.
Sites
de Marcelo Frazão:
Portfólio:
http://www.ateliervillaolivia.com/mf/index.html
WEB POESIA
http://www.ateliervillaolivia.com/mf/digital/tempo/index.html
Ensaio Fotográfico sobre o Centro do Rio
http://br.geocities.com/ocentrodomeurio
Atelier Villa Olívia
http://www.ateliervillaolivia.com
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SEGUNDA
RESENHA COLABORATIVA
Trabalhos:
Caderno de Cartografia
https://archive.the-next.eliterature.org/museum-of-the-essential/museu/cartografias/)
E
Sete
Demônios Tinham Saído
Avareza
(https://archive.the-next.eliterature.org/museum-of-the-essential/erotica/avareza/avareza.html)
Luxúria
(https://archive.the-next.eliterature.org/museum-of-the-essentiali/erotica/luxuria/luxuria.html )
Ira
(https://archive.the-next.eliterature.org/museum-of-the-essential/erotica/ira/ira.html/
).
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1-
Ver la obra erótica de Marcelo es un placer,... supongo que de
eso se trata,no?
Por
Muriel Frega
Creo que
es complejo trabajar éstos dos temas sin correr peligro de caer
en lo vulgar, propagandístico o en el impacto sin contenido.
Marcelo despliega una investigación gráfica tan potente,
y casi en forma de desafío, haciendo
que la calidad visual se imponga fuerte antes de darnos cuenta realmente
lo que estamos viendo... o lo que pensamos que vemos.
Usando sus propias palabra, "el observador decodifica de acuerdo
a su percepción del mundo". Primero aparecen las formas
los colores, la gráfica y la composición, que dan lugar
a las sensaciones, y recién después la temática
se muestra desnuda y simple.
Para muchos
grabadores la computadora se sumó como herramienta casi imprescindible
en nuestro trabajo, Marcelo supo aprovechar casi al máximo
ésta posibilidad de hacer y deshacer mil veces antes de sumergirse
directamente en la matriz. Agrega una dosis de libertad y espontaneidad
en el trabajo final.
Y esa misma libertad es la que comparte con el espectador, proponiendo
un punto de partida que invita a recorrer sus trabajos cada cual a su
manera.
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Olá
Muriel,
Obrigado por suas palavras. Devo confessar que foi difícil construir
estas imagens sem cair no vulgar,no lugar comum ou no pornográfico.
No começo tinha um pouco de receio em abordar o tema, justamente
por estes motivos, mas depois que comecei... acho que este é
agora meu prato referido - é como um vício. Tenho que
me policiar
as vezes para não cair no pornográfico - se bem que Henry
Miller pode ser os dois, depende da leitura.
Abraço,
Marcelo Frazão
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2-Quem
não gosta de um "Happy End"?
Por
Regina Célia Pinto
Caderno
de Cartografia
https://archive.the-next.eliterature.org/museum-of-the-essential/museu/cartografias/
Acredito
que Muriel Frega foi perfeita comentando a excelente investigação
gráfica e descrevendo a maneira como as imagens de Marcelo Frazão
são descobertas aos poucos pelo observador. A importância
da semiótica de Peirce torna-se clara ao observarmos as gravuras
e os desenhos do artista.
Hoje
decidi escrever sobre o Amor visto que Eros é o Deus do Amor.
Basta de guerra, de sofrimento! Todos nós já estamos sofrendo
demais com a situação do mundo atual.
Gostaria
de me aprofundar um pouco mais no "Caderno
de Cartografia", que pertence ao acervo do Museu do Essencial
e do Além Disso desde sua criação em 2002. O livro
é composto de uma série de mapas, que para o leitor desatento
ou ingênuo parecem apenas mapas. Contudo, numa segunda "piscadela",
torna-se clara a representação de órgãos
femininos e masculinos muito simplificados. É interessante lembrar
que desde a Arte Rupestre e em todas as culturas, os seres humanos e
artistas têm feito representações de órgãos
sexuais.
Exemplo:
Fig. 1:
Mehináku - Macho e Fêmea
Author: Hirakumã, sexo masculino, índio brasileiro, 45
anos
M.H. Fénelon Costa / 1965
(gouache sobre papel, 47,5 cm X 32, 5 cm)
Passando
por Bosch e Picasso, que todos conhecem e chegando a Arte Contemporânea,
muitos artistas e poetas, entre eles o grande poeta brasileiro Carlos
Drummond de Andrade têm trabalhado com o erótico.
Fig.2 -
Hyeronimus Bosch, O Jardim das Delícias
Fig.3 -
Pablo Picasso, Phallus and Nude
Links para
artistas contemporâneos:
Eric
Fischl
Keith
Haring
Também
na net.art, web.art muitos artistas e poetas visuais têm explorado
esse assunto, inclusive alguns presentes nessa newsletter.
Por que
será que isso acontece?
A resposta
aparece logo:
"A
atividade sexual da reprodução é comum aos animais
sexuados e aos homens, mas, aparentemente, só os homens transformaram
a atividade sexual em atividade erótica." (Bataille, Georges.
O Erotismo. Lisboa, Editora Antígona, 1968)
"Fundamental é mesmo amar, é impossível ser
feliz sozinho!" A paixão feliz introduz uma enorme felicidade.
O desejo amoroso não tem nada a ver com a bestialidade ou com
uma problemática qualquer. Quando aparece assim estamos diante
de algo que é exatamente da natureza do tratamento do desejo
na subjetividade capitalista. O corpo é político. A máquina
de desejar é uma máquina de trabalhar e uma máquina
de guerra, onde o Paraíso prometido está sempre no futuro
intocável, inatingível, perpétuo. A esse tipo de
desejo remetem os primeiros mapas do Caderno de Cartografia: os mapas
de guerra.
Fig.
4
No entanto
vou me concentrar nas páginas do "Caderno de Cartografia"
que nos falam da esperança da possível localização
da Arca da Aliança (Fig. 5) ou na Caça ao Tesouro (Fig.6)
pois seus
títulos remetem ao lado lúdico do amor.
Fig.
5
Fig.6
A pergunta
de Muriel Frega no "Dos de Copas" retorna e é acrescida
de significados, nesse caso pertencentes ao cheio de aventuras universo
masculino infantil:
Será o amor um jogo onde se deve localizar a Arca da Aliança
para encontrar o tesouro - o próprio amor, que nos faz sonhar
e flutuar num limite improvável. Caçadas ao tesouro e
arcas perdidas nos remetem ao cinema e a beleza de imagens que tem gerado,
desde Gene
Kelly sapateando na chuva, passando por Casablanca
(1942) by Michael Curtiz - Play it again, Sam!- até "A
Rosa Púrpura do Cairo" (1985) by Woody Allen!, inesquecíveis
e irresistíveis histórias que não cansamos de assistir.
Para terminar
gostaria de dar a vocês o mesmo presente que, no antológico
e italiano "Cinema
Paradiso", o velho funcionário do cinema presenteia
o menino que transformou-se em rapaz: um rolo de filme montado com cenas
de beijos na boca nunca vistos pois censurados, cenas dos finais felizes
que sempre desejamos para nós mesmos e para o mundo:
- Quem
não gosta de um Happy End? Esse tesouro que todos procuramos
e nem sempre encontramos...
Referências:
BATAILLE,
Georges. O Erotismo. Lisboa, Editora Antígona, 1968
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade 1. Rio de Janeiro,
Edições Graal, 1988.
GUATTARI, Felix - ROLNIK, Suely. Cartografias do Desejo. Petrópolis,
vozes, 1986.
PAZ, Octavio. O Labirinto da Solidão e Post.Scriptum. Rio de
Janeiro, Paz e Terra, 1984.
Post.Scriptum
Gostaria
de convidar todos que estão lendo essa resenha a refletirem um
pouco sobre a expressão Happy End. Nesses tempos de insegurança
em que a máquina de guerra segue devastando culturas e seres
humanos ou explode ao nosso lado, consequência da pobreza, da
exclusão e da corrupção, o melhor Happy End
que poderíamos desejar é o término disso tudo.
No entanto que parte cabe a nós nessa situação?
Impotência? Talvez? Não seria já um primeiro passo
acabarmos com as guerrinhas do dia a dia, estendermos a mão ao
"inimigo", amainar os ânimos ao ver disputas, tentar
nos unir e cantar:
"Todos
juntos somos fortes,
somos flecha e somos arco,
todos nós no mesmo barco
Não há nada que temer
Junto a mim há um amigo
que é preciso defender!"
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3-
A Metáfora de Saramago
por
Alice Gabriel
Prezada
Regina,
Inicialmente
gostaria de elogiar essa idéia da resenha colaborativa, ela é
realmente extremamente atual - a inteligência coletiva posta em
prática. Seria ótimo que muitas pessoas de diversas culturas
colaborassem. Parece-me uma iniciativa muito especial e seria uma pena
não entendê-la e aproveitá-la bem.
Voltando
à resenha, é impressionante como Marcelo Frazão
consegue representar os tempos atuais nesse excelente Caderno
de Cartografia e, é necessário dizer que o artista
faz isso com elementos gráficos e tecnológicos muito simples.
É essa minha admiração que me faz adicionar alguns
comentários à crítica desse "caderno".
O primeiro deles está relacionado à educação,
veja
bem que se trata de um caderno escolar, cabe então a pergunta:
O que a sociedade ocidental vem ensinando sobre o corpo e a sexualidade
às nossas crianças?
Tantos
anos após Freud e cerca de quarenta anos após a tão
comentada revolução sexual, qual o papel da família,
da escola e da Igreja sobre a transmissão desse assunto aos jovens?
Será que essas três instituições estão
caminhando numa mesma direção? De que maneira os nossos
jovens estão sendo formados? O que lhes está sendo ensinado?
Liberdade com responsabilidade ou individualismo e competição?
E o pecado, mora ao lado?...
Você nos fez pensar mais em nós mesmos e deu um Happy End
ao nosso domingo com sua inspirada crônica e, eu, aqui do outro
lado do oceano, talvez num dia mais cinzento, vou quebrar um pouco essa
alegria. É que me lembrei do nosso Saramago, e do seu magnífico
"Ensaio sobre a Cegueira", onde nos faz lembrar "a responsabilidade
de ter olhos quando os outros já os perderam". Para quem
não conhece, esse livro conta a história de uma cidade
imaginária onde de repente quase todos ficam cegos e se vê
então um progressivo escurecimento e correspondente iluminação
das qualidades e dos terrores do homem (E das mulheres também,
de maneira especial.) Indago então:
Utilizando a metáfora de Saramago, não seríamos
nós, artistas e críticos reunidos nessa proximidade tecnológica
e sem fronteiras alguns daqueles que ainda não estão cegos?
Não cabe a nós a responsabilidade de discutir e protestar
sobre o que ocorre no mundo? Por que então não conversar
sobre as guerras e os comércios através da oportunidade
que a Arte de Marcelo Frazão está nos oferecendo? Não
seria essa uma forma de tentar entender melhor o mundo e
o ser humano, apesar de todas as injustiças e atrocidades que
ocorrem à nossa volta? De exercer plenamente os princípios
da fraternidade, distante de qualquer rancor ou ódio ?
Alice
Gabriel
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Prezada
Regina e amigos :
Estou muito satisfeito de estar participando desse projeto, embora um
pouco à distância, pois estou escrevendo a tese e o tempo
disponível é muito pequeno.
Quero parabenizar a participação e o resultado: as resenhas
colaborativas estão muito boas.
Um grande abraço a todos
Jorge Luiz Antonio
Brazilian
Digital Art and Poetry on the Web
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4-
A Avareza, a Ira e a Luxúria, Enigmas a serem decifrados
por
Regina Célia Pinto
Sete
Demônios Tinham Saído (https://archive.the-next.eliterature.org/museum-of-the-essential/pecadoscapitais),
criação original de Marcelo Frazão, faz uma leitura
dos sete pecados capitais através de um ponto de vista erótico.
Nele, o artista é também o responsável pela criação
de três dos pecados: a avareza, a ira e a luxúria,que são
o motivo dessa resenha.
"Não
existe pecado do lado de baixo do equador!" Este ditado que corria
na Europa do século XVII e que se tornou verso de Chico Buarque
é quase umlugar comum quando se fala da liberdade sexual nos
tempos coloniais brasileiros. Segundo alguns historiadores porém,
o Brasil era mesmo terra de pecados, não de liberdade sexual.
Todavia
o interessante é refletirmos sobre a noção de pecado
no mundo contemporâneo. Nos meios de comunicação
de massa (televisão, revistas, outdoors) o que pode ser constatado
é que o apelo é na maioria das vezes sexual. Sexo vende.
O cinema contemporâneo também tem produzido uma enorme
quantidade de filmes que envolvem sexo, muitas vezes aliado à
violência. Seria isso liberdade sexual, pecado ou mercado? E quanto
à globalização e as novas relações
sociais que vêm se desenvolvendo através da Internet, como
estariam acontecendo nelas a avareza, a ira e a luxúria? Nunca
fizemos um estudo sobre o assunto, mas pelo pouco que temos observado
os pecados* parecem estar trafegando nas fibras óticas da mesma
maneira que acontecem nas relações humanas desde que o
mundo é mundo: "Pessoas são como bolhas numa corrente,
sempre mudando mas sempre as mesmas." Afinal somos todos humanos,
demasiadamente humanos.
O
que mais nos interessa realmente nessas leituras que Marcelo Frazão
faz de
alguns dos sete pecados capitais é o processo bastante inteligente
e criativo que ele utilizou para construí-los. A tecnologia utilizada
pelo
artista foi o Java Script e a fotografia digital. O trabalho pode ser
considerado um ótimo ensaio fotográfico de mãos
e objetos do cotidiano.
Marcelo é um excelente fotógrafo. Em nenhum momento acontece
estarmos diante do gratuito ou do chocante. O som e o movimento de algumas
imagens acompanham as fotografias e foram também muito bem resolvidos.
Tudo está no seu lugar, nada está sobrando, mas o melhor
mesmo é que sempre demoramos algum tempo para entender aonde
o artista quis chegar, o que ele está nos dizendo. Aí
sempre nos sentimos surpreendidos e satisfeitos de ter decifrado o
enigma.
* A palavra
pecados foi usada aqui apenas como representação desses
sentimentos humanos, não tem nenhuma conotação
religiosa.
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5-
Marcelo responde e agradece:
Querida
Regina,
Adorei
ser o convidado de Maio dessa resenha colaborativa! Muito boa como tudo
o que você faz! Muito obrigado a você e a Muriel Frega e
a Alice Gabriel!
No entanto, na última parte, quando você escreve "Aí
sempre nos sentimos surpreendidos e satisfeitos de ter decifrado o enigma"
- eu não concordo, talvez por não entender o seu ponto
de vista neste caso. Na série dos pecados capitais, não
passou pela minha cabeça o fator "entender" e sim o
"sentir" que vai um pouco
além da compreensão. Quando trabalho com o tema erótico,
acaba sendo assim o meu mecanismo de criação - o racional
sempre fica de fora.
Para
completar este raciocínio segue uma poesia que é a dedicatória
do meu livro "Homo Sapiens - Sexualis"
A
todos que praticam
praticaram
ou praticarão,
em ato ou pensamento,
aos que pararam de praticar
- e sentem saudade -
e aos que tem medo de praticar
- na esperança que o impulso
seja maior que o freio -
pois nada substitui o que vivemos
vemos
sentimos
sentidos humanos e falhos
- deliciosamente falhos.
Um
beijo e obrigado!!!
Marcelo
Frazão
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Oi
Marcelo,
Eu
não me referia a entender os pecados, sentimentos não
podem ser entendidos. Estava pensando nas suas magníficas imagens
e no tempo que levamos para perceber que elas estão relacionadas
aos "deliciosamente falhos sentidos humanos". Era esse o enigma
a que me referia. No entanto foi ótima essa sua participação
pois ela nos revelou mais sobre o seu processo criativo.
Okay?
Regina
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