*Estou
na Espanha já faz um mês. Aproveitando a saída
de Sevilha, venho a Madrid ver a maior feira de arte contemporânea
da Europa, a ARCO.
*Antes de ir a ARCO, passo no espaço cultural da
Telefônica para ver uma expo sobre o cubismo: diversos nomes
do período, em principal Juan Gris. Rego Monteiro, mais parisiense
que brasileiro também está lá. É um
dos meus preferidos.
*No espaço arte/ciência, vídeos e instalações
interessantes. Perco meia hora tentando decifrar a
"Esfinge" de Dora Garcia, um game em Flash ou
Director, creio. Depois de trocentas tentativas, lá pela
40ª pergunta desisto, e a esfinge me devora. Me atiro no abismo
da rua.
*Chegar na ARCO pelo metrô não foi difícil.
Mais
difícil foi encontrar os pavilhões, já que
também
ocorre uma feira de moda em paralelo.
*A entrada: 19 euros (estudante). Um guarda na catraca quer me fazer
deixar a mochila que carrego. Argumento que nao é mochila,
mas uma bolsa. Entro. A fila estava grande.
*Escolhi o lado esquerdo para visitar. A feira é um
mercado. Tem de tudo e pra todos os gostos.Os preços são
muito democráticos: estão todos nas nuvens.
*Tem
colecionista pra tudo que é lado. Estudantes, aficcionados,
etc...e como tem mulheres bonitas...não...bonitas é
pouco...lindas...bem vestidas ou hipongas...parece um desfile de
modelos européias...talvez porque ao lado tem aquela feira
de moda.
*Conclusão simples...as mulheres são a verdadeira
obra de arte dessa feira, louras, morenas, ruivas, corpos esculturais,
tatoos aqui e ali,e aquele perfume kenzo no ar...hmmm
*A ARCO é uma feira da transgressão...é tanta
transgressão e nonsense que dá pra deixar qualquer
um enfastiado...isso porque ainda não vi nem metade.
*Transgressão, transgressão...quanto mais transgressão
a grana rola...tem algo errado com a transgressão...!?
*Salvo pela new media: cansado de tanta variedade visual, reencontro
a "Esfinge" de Dora Garcia, que também está
online
(http://www.museoph.org/MuseoPatioHerreriano/).
Nessa,
o nº de perguntas é menor e, em duas tentativas finalizo
o game. Deixo-a ao abismo do público.
*Começo a prestar mais atenção nos videos-arte,
já não estou mais aguentando ver telas, esculturas
e instalações...
*Encontro um refúgio...é a "black box" um
setor de uns 20X20m feito exclusivamente para a arte
digital...cada sala em 3X4, para 2 ou 3 lugares
sentados, forrados de pano preto e vídeo-projeções
rolando.
* Com tanta variedade e o tamanho do que há ainda pra ser
visto, difícil é encontrar algo cativante...mesmo
entre as vídeo-projeções. Destaque para os
vídeos do Bigas Luna, que eu já conhecia e um ou outro,
aqui e ali. Muito nonsense também.
*Destaque para PaCo - poeta de rua, um robô feito com material
reciclado e um dos premiados no Concurso VIDA 7.0 (http://www.fundacion.telefonica.com/),
feito por um aluno da Universidade Politécnica de Madrid
e que movimenta-se através de uma cadeira de rodas.
*PaCo
fica cercado a feira inteira por curiosos, pois sacode uma caixinha,
como que pedindo uma moeda, a qual, depositada, dá origem
a récita de um poema em voz eletrônica e sua impressão
instantânea em papel.
*Paguei 0,5 cents de euro pelo meu, de nº 210.9982, que diz:
"el guiño es órfico
el entrañamiento es apático
al ánodo es antipalúdico
el ananá es alérgico."
*Muito engraçado. Hilário mesmo. Bastante curioso.
Dá pena de ver, aquele ser metálico em cadeira de
rodas pedindo uma esmola por um poema...
"PaCo" quer dizer:Poeta Automático Callejero
Online. PaCo também tem um site:
http://www.isys.dia.fi.upm.es/PaCo.
*Passei 6 horas dentro da feira, e não vi a metade
ainda.Volto na segunda, ultimo dia. Deixo o domingo pra ver uma
mostra de new media no espaço cultural "Conde Duque"
e no Museu Reina Sofía.
*Hasta la vista...
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"a dúvida é a última que morre (ou não)"
joesér
alvarez
http://geocities.yahoo.com.br/coletivomadeirista/