SEE -- RE:--ACTIONS
 
ou (if you need them) Sea-Rations
 
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Uma entrevista com Reiner Strasser sobre c.re.ations com Marjorie Coverley Luesebrink
Reiner Strasser nasceu em 1954 em Antwerpen, Bélgica. Ele estudou arte, História da Arte e filosofia na Universidade de Mainz, Alemanha nos anos 70.

Seus trabalhos na web, colaborações internacionais e projetos de arte na web datam de 1996 e apareceram em muitas exibições e publicações desde 1997.


Mais recentemente nos e-zines: Riding the Meridian; Cauldronand Net; Beehive; em muitas publicações em CD-ROM: The Little Magazine CD 22 Gravitational Intrigue, University of Albany, NY, 1999; Dietsche Warande & Belfort, Elektronische Literatuur, DOC(K)S “un notre web”, Corse 2000; e no espaço real: Aix Art Contemporaine Web en Provence, França, 1999; Amour et Conscience, art show em Paris, 1999; AJAC 25th Art Exhibition, Metropolitan Art Museum, Tóquio, 1999; NOW Festival Nottingham, GB, 1999; AJAC 2000, M.A.M., Tóquio, 2000; INFOS '00 (menção honrosa em concurso de arte na web), Lubljana, Slovenia, 2000.

Os trabalhos on-line de Reiner Strasser têm fascinado a comunidade web desde 1997. A elegância de suas apresentações, gráficos  e o humor leve sempre criam no espectador, o sentido de confirmação e de surpresa. C.re.ations é o mais novo acréscimo no site cumulativo onde Reiner explica que lida com “ um sistema que se desenvolve por si mesmo”e que “se desenvolverá como a net se desenvolver--- feita pelo homem, mas criando uma estrutura sintética/orgânica.“ C.re.ations consiste do novo trabalho, 1999-2000, incluindo “vib~ratio~n” “ the shrine”, "e[y]gg[e] “, “structural walk” e breathe.”


MCL: Seu trabalho em c re ations representa tanto a continuação da estética dos seus primeiros trabalhos em Re: e também  uma aventura em direção a algumas novas tecnologias. Você conseguiu excelente uso do movimento nas primeiras obras, com painéis animados, gifs animadas e dhtml. Pode o uso do Flash alterar de alguma forma a poética e a estética do seu trabalho?

RS: Eu penso que tenho que voltar ao início de Re.wors para responder esta questão. Em 1997, eu estava em contacto próximo com Ted Warnell/PbN, eu criei Re: como um tipo de figura virtual que quer se expressar na linguagem da internet. Pesquisamos ferramentas e criamos com elas. Normalmente nós chamamos isso de trabalho específico de mídia. De mês a mês o poder das ferramentas cresce. Olhando para as ferramentas de um jeito técnico, Flash é a última novidade. Geralmente eu penso que não há diferença nos elementos mas na forma como eles podem ser combinados no Flash. O tipo de transição pode ser mais estável que no dhtml, tanto para abrir novas janelas como para colocar novo conteúdo nos “frames”. Como eu olho para as transições como uma forma de expressão, a linguagem foi aprimorada. Contudo há ainda um outro ponto. Ultimamente minha questão é na hora ou na experiência do tempo numa peça (ativando elementos “fílmicos”). O Flash é um programa baseado no desenvolvimento linear do tempo. É interessante para mim contornar este obstáculo. O aspecto de narrativa linear é exatamente o problema com o qual eu lido na criação das mais complexas peças de hipermídia.

 

MCL: Sim, tempo tem sido sempre importante tanto em poesia falada como em poesia escrita ou mesmo no ato de contar histórias e, como você falou, o Flash permite grande controle sobre a seqüência do tempo numa peça, mas também é difícil de assegurar que uma peça será experimentada na mesma velocidade por todos os leitores. Você disse que o obstáculo é algo como dar voltas _ tanto tecnicamente como estrategicamente. Que métodos permitem ao escritor ignorar  ou omitir os elementos de tempo?


structur/al walk

 

RS:  Sim, no Flash você tem um melhor controle sobre o momento, isto é, a sincronização entre imagem e som mas, tudo depende do equipamento técnico de quem for visualizar o filme, se este equipamento será ou não capaz de reproduzir o filme na velocidade certa.  Eu não estou quebrando a minha cabeça com isso. A velocidade na internet aumenta dia a dia (aproximadamente 100 % ao ano), então as peças feitas hoje serão recebidas na velocidade  certa amanhã. Minha experiência em recepção e criação de arte, é que você tem que dar 1000% para recebar 100%. Muitos aspectos em que eu gastei muito tempo na elaboração não são reconhecidos conscientemente pelo observador mas eles ajudaram a melhorar a expressão de uma peça. Então a perda de exatidão não é tão importante para a experiência completa mas pode ser vista como um fechamento energético.  No meu ponto de vista, a internet ou um trabalho hipermídia é mais do que uma construção linear. Isto se torna muito óbvio no fato  de que é o observador que através da interatividade exerce o absoluto controle do tempo num trabalho desse tipo. Você cria um espaço sem limites, uma oferta de escolhas e eventos. Eu gosto de comparar isso com o pensamento humano ou com o que eu entendo por pensamento. Na realidade você não pensa realmente de forma lógica como em Matemática mas você associa, organiza aspectos dentre um conjunto de informações. Isso é muito como viver na sociedade moderna onde você recolhe informação dentro de uma imensa oferta de estímulos. Você pergunta sobre métodos para “contorno” – talvez o caminho mais fácil seja esquecer primeiramente a história (ha, soa como uma piada)  e construir uma história com elementos que você cria.


MCL: As peças reunidas em c.re.ations, e no seu “site” por inteiro, funcionam tanto como uma galeria como um tipo de discurso contínuo. Poderia você comentar sobre quais elementos você vê que se repetem e quais aparecem unicamente numa peça ou em outra?

RS: Oh, eu nunca pensei sobre persistência ou repetição, olhando para o meu material. Bem isto é feito por mim mesmo e eu reconheço que as coisas se repetem. Há variações sobre temas como vacância ...Olhando para mais aspectos formais, há uma alternância entre dois caminhos: a figura – como peças , pratos / planaltos e as peças com hiperlinks. No meu ponto de vista os planaltos representam uma forma de expressão circular, as peças com hiperlinks   the unfolding one. Estes são para mim dois caminhos contrastantes  para desenvolver uma peça mas também, penso geralmente, a forma de obter complexidade. Você  descobrirá também tensões entre “palavra – figura –som”   e a combinação interativa desses elementos em muitas peças. O fato de que as ferramentas tem se tornado mais poderosas do que no começo, tem mudado a forma das peças. Ao mesmo tempo quero integrar esses elementos. As peças são todas únicas – sorriso. Eu poderia contar uma história para cada peça – tendo tido colaboração ou não para fazê-la .   

                         

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vib~ratio~n

MCL: Você mencionou em uma mensagem que o seu trabalho tinha sido rejeitado muitas vezes, mas por dois diferentes motivos – uma vez porque era literatura e não arte e outra vez porque era arte e não literatura. Como você pessoalmente classifica o seu trabalho?

RS: Eu penso que a visão mais comum é que (eu torno trivial aqui) a  literatura está ligada à palavra escrita ou falada enquanto que arte é mais visual. Elementos visuais em literatura tornam-se ilustrações, palavras em arte – signos. Porque eu desejo fundir os elementos visuais e literais – eu não estou  e não estarei mais entre essas duas categorias mas em algum outro lugar. Eu gosto muito de ambas as partes e principalmente não quero  desprezar uma em função da outra.


MCL: Muitas das peças em c.re.ations têm colaboradores, até mesmo, no caso de “vib~ratio~n” e em “the shrine”, com duas outras pessoas. Como você vai indo com colaborações de outros artistas através do mundo? – e ainda mais importante, o que atrai você nesse processo? Que tipo de “descoberta”  você faz com essas colaborações?

RS: Três questões em uma; Vou indo muito bem. Colaborações acontecem. Algumas vezes eu chamo alguém, outras vezes alguém me chama – algumas vezes é uma criativa “re.action” . É simplesmente maravilhoso trabalhar com artistas, poetas e escritores do mundo inteiro. O que mais me atrai no processo de colaboração num sentido amplo é que você ‘serve’ e é ‘servido’ – algumas vezes ao mesmo tempo Isto para mim é mais profundo senso de comunicação e vida. Não é isso... o que a internet, na sua forma positiva, tem tornado consciente, a reflexão sobre a comunicação – a importância da comunicação na vida humana? Eu gosto do jeito como a inspiração surge das colaborações. Pode acontecer que você dê uma contribuição que seja mal compreendida mas que abra novos caminhos. Eu não quero cozinhar somente a minha própria sopa. Olhando a arte como uma forma de expressão, comunicação, uma linguagem que tenha muitas vozes é o resultado lógico.

 

MCL: Você gostaria de discutir as dificuldades inerentes as peças em colaboração? Por exemplo, Eu adorei a peça “Racoon” que você fez com Christy Sheffield Sanford, mas eu constatei que você não terminou – é difícil colocar um fechamento trabalhando à distância?


RS: Eu adoro essa peça também. Eu gosto dela como ele está. Primeiro você tem que reconhecer e mesmo entender que cada colaborador, poderia eu dizer, cada ser humano na internet (?), tem uma vida real com seus lados positivos e negativos. Você tem que respeitar isso. Você pode cultivar a sua tolerância. Com a peça “Racoon” foi muito simples, eu não tive tempo para continuar trabalhando nela e depois nós colocamos em foco a peça water. Por falar nisso, eu adoro peças não terminadas  e algumas vezes eu penso que devemos criar mais trabalhos infinitos na internet porque a internet é sempre infinda com sua fluência e pode ser que trabalhos ‘não finitos’  sejam mais verdadeiros na representação da vida, utilizando uma visão geral. Eu não posso pensar que é difícil colocar um fechamento na internet, especialmente para um escritor, um mestre da palavra (eu não sou) . O que eu quis dizer realmente com isso? “Distância é mais uma questão de compreensão do que de proximidade física.”. (Mas, quando você quer  segurar alguém em seus braços a internet é definitivamente o espaço errado.)

 

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la cipolla

 

MCL:  Você sugeriu em “la cipolla” e em outro lugar, que a estética das camadas é importante para você como um artista, e que você acredita que o leitor interiorize o trabalho no ato de descascar estas camadas. O efeito de camadas parece bem forte em peças como c.re.ations. É isso resultado de evolução consciente de sua parte?


RS: Isso depende da minha visão pessoal da arte. No meu ponto de vista, arte (visual ou outra) é polivalente. Há diferentes camadas para explorar, consciente e inconscientemente. É aí que você como o observador tem de ser interativo. Esta coincidência na construção  de uma peça de arte na internet me fascina muito. Contudo, como mencionou em “la cipolla”, a transição ou forma de transição é tão importante ou mais importante que as camadas porque nessas transições sua mente começa a balançar. De forma mais ou menos óbvia você vai achar isso em todas as minhas peças. Através do caminho que você seguir ou que o observador vá indo, de uma camada para a outra, as peças são descobertas. Este aspecto tem uma qualidade formal no processo de criação como se fosse um modelo de pensamento – pensamentos complexos expressados e gerados pela simples acumulação de partes.

 


MCL: O efeito de acumulação é sempre uma procura de riqueza no seu trabalho. Algumas vezes as camadas são executadas de forma física e em outras, a estrutura das camadas é uma sedimentação metafórica de idéias. E, freqüentemente, como em "vib~ratio~n",   isto acontece ao mesmo tempo. Você planeja isso antes ou você experimente para ver o que vai acontecer?

 

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the shrine

 

RS: Pensando no modelo de camadas eu ‘vejo’ dois tipos de camadas – as camadas diretas e as indiretas. A camada direta (eu prefiro a palavra alemã: ‘unmittelbar’), você disse ‘executadas de forma física’, pode-se fazer uma comparação com as camadas de uma página de dhtml, mas também com uma nova janela, mas isso tornar-se-á um pouco enganoso, porque um som pode formar uma camada também. Camadas podem conter (indicar) diferentes estados em experiência, desde emoções concretas até pensamentos abstratos. A camada ‘indireta’ (‘mittelbar’ – eu adicionei a palavra alemã aqui, também, porque ‘mittelbar’ nos conduz a ‘vermittelbar’ – dar alguma coisa a alguém) acontece na mente do observador de um jeito associativo.

Para voltar à sua questão, é uma mistura de experimento, pura criação e reflexão. Vamos nos deter em "vib~ratio~n". Nesta peça eu trabalhei com material, fotos que me foram dados por  Bill Marsh . Primeiro eu colecionei detalhes das fotos. O que eu estou sempre procurando é um significado geral e ‘polivalente’. Um elemento pode ter ou obter diferentes significados, do concreto para o abstrato, com alguma conjunção com a vida. Descobrir , expressar a essência da vida é o mais interessante para mim. Com essas fotos eu comecei a trabalhar no Flash. Oh, torna-se difícil descrever todo o processo. Algumas limitadas notas nesta peça. A primeira versão foi para o lixo. Trabalhando na segunda versão eu troquei algumas fotos e detalhes de... é esta uma decisão planejada ou não? Eu penso que no processo você se torna parte de peça e ‘vive’ nela por um instante, enquanto você atua sem  perguntar. Você atua intuitivamente. Combinando elementos ‘polivalentes’ você pode criar a mais complexa ou a mais concreta expressão. Um exemplo: olhe para a fluência da peça. A figura aparece no começo, a primeira figura ‘a cruz’ – você deve associar ‘ aparência – nascimento em contraste com morte’, fluência – fôlego – mar’. ‘As cruzes’ em si mesmas, são associadas de diversos modos... . Isso é "vib~ratio~n".


MCL: A ênfase no processo é inerente a todas as suas respostas. Ouvindo-as eu tenho freqüentemente pensado que produzir uma peça para a internet é um processo que utiliza um meio molhado assim como a autoria de aquarelas ou soprar o vidro para criar formas, o que acontece depende do que acontece. Você pode comentar isso?


RS:  Usar a noção de processo pode tornar-se um pouco enganador. Bem como sempre isto depende de como você entende isso. Eu penso que isso denota que você realmente não sabe (!) o que vai acontecer, é ‘fora do controle da consciência’. Pensando na ‘aquarela’ ( eu tenho alguma experiência com essa técnica) eu não tenho um sentimento “molhado” (bem é molhado). Você não está pintando por acaso quando você ‘conhece’ o meio. Certamente você pode criar experimentalmente. O que acontece quando se pinta é que minha mente muda. Voltando novamente para a figura virtual RE:, a qual quer expressar-se na mídia. Você é uma escritora  e eu penso, não importa quando você escreve. Você não se pergunta  como, mas você escreve. Eu não entendo isso sem reflexão. Contudo, acontece porque você interiorizou a linguagem (você cresceu com ela...). Este é especialmente o problema com a nova mídia. Quando trabalho, no processo, eu tenho que pensar na linguagem. Tomemos os registros interativos ( 1997/1998). Estes foram criados com respostas para “e-mails”.  Eu  (or Re) não sou capaz de expressar meus pensamentos / sentimentos com palavras, por isso eu criei estas páginas. Sim, você pode se expressar não somente de um outro jeito mas também o ‘conteúdo’ e o ‘tipo de pensamento’ muda por isso. Por trabalhar em semelhante caminho eu sinto uma enorme liberdade na minha ‘mente’. Os pensamentos não são presos mas livres. Um aspecto que eu gosto muito em poesia também. O trabalhar na web pode ser visto/sentido como “molhado’,  depende do fato da linguagem já ser interiorizada ou não, mas eu tenho que confessar que eu especialmente gosto desse estado porque cada peça pode ser uma nova peça. A linguagem da web se expressa por um meio ainda muito jovem.

 

MCL: Eu concordo com você que este meio adquire muito de sua fluidez no fato de que nós não sabemos ainda muito bem  a linguagem, e estamos sempre trabalhando no incipiente. Mas eu estou tentando entender também, sobre o fato de que a mistura ou fusão de mídias requer que cada um dos elementos seja mantido (para misturar metáforas) num tipo de temperatura de  fusão – deve sempre estar sujeito a mudar à medida que o trabalho prossegue. Você pensa assim?

RS: Eu tenho trabalhado de  muitas formas diferentes e por isso as peças em c.re.ation tornaram-se muito diferente. Em "the shrIne" eu tive o texto de Alan Sondhein e o arquivo de som feito por Annie Abrahams o qual é parte de um outro projeto que nós e outros artistas estamos trabalhando (não continuamente) há um ano.  Eu não quis ‘mudar’ nada no texto escrito ou no texto falado e me concentrei em colocá-los juntos com um ambiente visual. Em "vib~ratio~n" eu tive as fotos como material, o som foi feito por solicitação durante a execução ou depois por Octavia Davis e Bill Marsh . Eu poderia continuar isso  ... com "breathe" (poema de David Knoebel) ou "desire" (texto e música  de Miekal And, som de Martha Cinader). Em  "water" foi diferente porque Christy e eu trabalhamos juntos por alguns meses na web. Olhando para minhas próprias peças, o método foi / é um outro . Para "e[y]gg[e]", eu colecionei material e trabalhei com ele por aproxidamente dois meses. Eu prefiro criar a partir de coleções de material, fotos, figuras, partes de textos e sons. Eu vou organizando idéias no meu caderno de anotações: registros, pensamentos, códigos, fragmentos. Com esse material eu vou “cozinhando” mas eu vou procurando achar material também no meio de tudo isso e a idéia se desenvolve ela mesma durante o processo. No começo eu imagino o que eu quero criar, mas essa imaginação não é concreta, pode ser a imaginação de uma idéia. Freqüentemente eu não posso explicar verbalmente o que eu quero realmente realizar mas eu ‘sei’ que eu vou chegar aonde eu quero. A idéia é clareada pela realização dela mesma no meio ou melhor, a expressão é realizada. Eu não sei qual é o caminho mais difícil de seguir. Trabalhar com algum material ‘fixo’ ou desenvolver uma idéia. Em cada processo você tem que resolver alguns problemas. Eu nunca estou certo se esses problemas são imaginários ou não. Algumas vezes eu simplesmente tenho que esperar alguns dias e o problema desaparece ou eu penso “ que besteira – não há problema aqui – mude seu olhar” (re:). Em uma outra vez a solução aparece trabalhando na peça. O que sempre auxilia é que “ o lixo é o seu melhor amigo” e que cada erro é um passo na aprendizagem. Voltando à sua questão – minha resposta é “sim, cada parte pode escorrer” e os ingredientes podem descobrir seus sabores.


MCL: Voltando à primeira questão, sua ênfase na transição é muito interessante. Uma coisa que é sempre um pouco frustrante sobre o trabalho na web é que as transições que nós conhecemos como fazer (entre páginas html) não trabalham muito bem  quando em todos os “browsers”. Isto significa que o escritor tem que  alertar o leitor por outros modos de que a transição é importante.  Há sempre o recurso de abrir a nova janela – e em "breathe" você desenvolveu caminhos fascinantes. Em termos de tempo e efeitos gráficos, pode você explicar algum assunto formal para tornar as transições enfáticas?

RS: Como mencionei antes, eu estou olhando para as transições como ferramentas expressivas. Pensando nisso, cada tipo de transição tem seu próprio ‘significado’. Quando uma nova janela está abrindo, isto é um corte severo (camada emocional), o qual poderia significar que um novo aspecto é trazido para dentro ou qualquer coisa semelhante (camada metafórica) – isso depende do meio onde se está trabalhando. São os observadores inexperientes na “web” que tem dificuldades com ‘janelas fechadas’; já as crianças não tem qualquer problema em abrir ou fechar janelas ‘intuitivamente’ depois de qualquer experiência curta num “browser”. Em "breathe" , a idéia era a ‘combinação’ de uma figura abstrata – imagem, com um poema (escrito por David Knoebel), de forma que a imagem gerasse o poema e vice-versa. Porque os elementos eram muito diferentes, eu usei dhtml nessa peça. Cada elemento da  figura ‘estabelece um link / troca para uma linha'. Desse jeito a imagem abraça o texto. Porque cada parte é ativada pelo leitor. Ele/ela  tem o controle sobre a velocidade. Isto depende da velocidade que ele/ela  necessita para ler o texto. Ele/ela percebe o seu ritmo individual.


MCL: Arte na Web e Literatura são tão novas... , você foi um dos pioneiros em 1997. Agora, só uns poucos anos depois, já existe  uma diversidade vigorosa sendo criada neste campo.  De qualquer forma, com o aprimoramento da velocidade na transmissão de dados pela internet, não vai demorar muito ser possível utilizar um filme ou trilha sonora completa através da web. Quando isso ocorrer, como será que Arte na Web e Literatura vão se distinguir elas mesmas de um filme? Isto é, será possível ter gráficos completos e trilhas sonoras , sem termos então um filme no sentido estrito do termo?

RS: Bem, nós estamos na borda do desenvolvimento que você descreve e há o risco que a Arte na Web  e a Literatura se tornem nada dentro de um curto período. Isso será decidido pelo tradicional tipo de criação e percepção. Tem havido experiências com filmes interativos desde os anos 80. Os exemplos que eu conheço, desenvolvidos como ferramentas de ensino, baseados em filmes com diferentes linhas de história e fazendo “links” com textos (isto é, um dicionário)  O hipertexto e os novos experimentos da mídia nos últimos anos têm mostrado perspectivas as quais devem continuar. Nós deveríamos olhar para ‘filmes completos e trilhas sonoras’ não como competidores mas sim tentar implementá-los para que tenham condições de se tornarem peças ‘hiper-estruturais’.


MCL: Você disse que  a “ coincidência para a construção de uma peça de arte na internet é muito fascinante ” – Tendo um “background” de multimídia no mais amplo sentido, qual é o aspecto da Arte na Web que você considera mais desafiador? 

RS: Tendo feito um filme nos anos 70  e ao mesmo tempo  trabalhando com tradicionais formas de arte (desenho, pintura); tendo experiência também  na prática do teatro, escrevi algumas peças curtas nos anos 90; o que é mais desafiador então é a fusão de diferentes mídias e do ‘espaço’ global no qual você trabalha com outros artistas, escritores. O que é também uma sedução para mim é a idéia de criar um contraponto humano neste(a) “high tech meio / sociedade.


c.re.ations
http://netartefact.de/repoem/creations/

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