ANIMA
: [LAT., 'SOPRO'; 'ALENTO', 'ALMA'.
ANIMAÇÂO: [DO LAT. ANIMATIONE.]
Ato ou efeito de animar(-se); Manifestação
de vivacidade, energia; Atividade, movimentação, rebuliço;
Alegria, entusiasmo:;
A arte, ou a técnica, de animar desenhos ou bonecos, que consiste
em fotografar em seqüência uma série de imagens, feitas
de sorte que, ao ser projetado o filme, figuras e objetos se movam como
na ação ao vivo.
Efeito de animação obtido por meio de recursos de computação
gráfica usado em produção cinematográfica,
televisão, mídia digital, etc.
A
ARTE SEMPRE PROCUROU O MOVIMENTO... a ANIMA !
Ao
longo da História da Arte, os artistas de diferentes tempos,
espaços ou períodos tentaram representá-lo (a),
através da mimesis ou da abstração. Leonardo chegou
a inventar máquinas... (interesse do engenheiro ou do artista?).
Existe também uma lenda que diz que Miguel Ângelo ao terminar
uma de suas esculturas teria dado uma leve martelada no seu joelho e
dito: "_Parla!". Verdadeira ou não, quem já
teve o privilégio de observar o teto da Capela Sistina ou as
imagens que o artista parece libertar do cerne das pedras em Florença,
terá a idéia precisa do que a lenda quer nos transmitir.
Nos séculos XIX e XX, com o surgimento da fotografia e do cinema,
que representavam a vida e o movimento de forma absolutamente mimética,
a Arte "levou um susto" e se modificou, dando origem a todos
os "ismos" do início do século XX. E, apesar
da ausência da representação fiel da realidade,
a "anima" continuou exercendo seu poder, através da
movimentação, da energia e dos sentimentos sempre presentes
na Arte deste século recentemente findo.
A entrevista que o Senhor
Adalton Lopes, artista popular brasileiro, concedeu à nossa
revista ratificou essas questões. Este artista, de origem humilde
e que passou longe de qualquer escola de arte, cria artesanal e mecanicamente
(ou seria um processo quase científico (?) levando-se em consideração
as questões que ele está sempre se propondo), impressionantes
cenas animadas. Conta-nos o Senhor Adalton:
- Com cinco anos eu já brincava com barro. Naquele tempo eu
já me preocupava em dar movimento aos objetos que modelava. Utilizava
até formigas para conseguir o que desejava. Contudo um dia imaginei
que para conseguir movimentar meus bonecos de forma perfeita teria que
usar sangue, acreditava que era ele que fazia os seres vivos se movimentarem.
Tinha uns sete anos nessa época. Consegui sangue de um frango
e coloquei na forma do boneco. No dia seguinte, para minha decepção,
o barro havia apodrecido. Meu pai me explicou então que para
eu conseguir o que queria teria que utilizar um motor.
Nas
minhas próprias recordações da infância figuram
o "Pinóquio" criação de Gepeto, através
da literatura de Collodi e, também um outro livro, do qual nem
o nome recordo e que por muito tempo me fascinou: era a história
de um lápis maravilhoso que tinha o poder de fazer desenhos que
criavam vida. Reencontrei recentemente esse fascinio ao iniciar o trabalho
de animação no computador.
A história de "Pinóquio", vem se repetindo em
diferentes circunstâncias, desde "Metrópolis"
de Fritz Lang, passando por 'Blade Runner" de Ridley Scott até
os dias de hoje, quando Spielberg está lançando o filme
"I. - inteligência artificial" , baseado numa história
de Stanley Kubrick, que representa a lenta evolução de
uma máquina que finge ser humana até um ser humano que,
um dia, foi máquina.
O SÉCULO XXI E A CONJUNTURA ARTE / CIÊNCIA
Tanto
a robótica como todas as formas de Arte & Tecnologia serão
as linguagens artísticas do século XXI. Essa aposta é
feita na premissa de tudo que já foi dito anteriormente e que
se pode reduzir a uma questão somente: a busca incessante da
ANIMA, do poder do demiurgo! O fato é que com as tecnologias
digitais e a internet e, com o fácil acesso a elas por parte
do artista, ficou muito mais fácil para ele perseguir o antigo
sonho de criar "movimento" , interação e...
vida.
É preciso enfatizar porém a urgência para que nas
escolas de arte se invista mais na formação científica
(sem deixar de lado a formação artística, é
lógico). Um ambiente de formação que integre essas
duas diretrizes é um fator essencial para que as novas linguagens
se desenvolvam com o cuidado e apoio que merecem, facilitando assim
o entendimento e a aceitação por parte de todos e evitando
posições de dúvida do espectador e ansiedade por
parte de quem trabalha com essas linguagens hoje. Exemplifica bem essa
situação a pergunta que surgiu na lista WEB ARTERY (fórum
onde artistas, pensadores e teóricos do mundo inteiro trocam
suas experiências e ansiedades a respeito de Arte & Tecnologia):
-
Estaria a arte na web ocupando um território fora das fronteiras
normais da arte? Ou excluída do mundo da arte? Ou seria alimentada
pelo mundo da arte?
As mutações maquínico-poéticas, entendidas
no seu sentido mais amplo, não deveriam mais desencadear em nós
reflexos de defesa, crispações passadistas...
"A
enorme quantidade e diversidade de trabalhos de arte criada especialmente
para a Internet é um reflexo do meio. Em todas as partes do mundo
é possível encontrar inúmeros usos insólitos,
não-convencionais ou artísticos que utilizam conceitos
que rompem com as expectativas do usuário da Web ou oferecem
algum tipo de contemplação estética ou narrativas
complexas em suas criações. É certo que nem tudo
que é insólito ou pouco convencional pode ser considerado
como Web Arte, mas certamente, todo experimentalismo que aparece na
rede é um caminho para o surgimento de novas experiências
que podem vir a ser legitimadas como trabalhos de arte. Por outro lado,
a Internet é extremamente dinâmica: outros muitos são
excluídos e periodicamente surgem novos programas e scripts que
proporcionam novas possibilidades de criação para a rede."
(Fábio
Oliveira Nunes "Três Categorias da Web Arte" (
http://webartenobrasil.vila.bol.com.br )
Ao
nosso ver a Arte iniciou em "2001, uma odisséia no ciberespaço",
e, num futuro não muito distante, provavelmente muitos artistas,
estarão criando suas "máquinas fantásticas"
, como a que foi descrita por Bioy Casares no livro de mesmo nome, descrito
como perfeito por Jorge Luís Borges.